Depois de um acidente, o lionfish (como também é conhecido) ganhou águas norte-americana. Deixou de ser uma beleza controlada para se tornar uma ameaça declarada. Foi logo classificado como espécie invasora, inimiga do equilíbrio ecológico pelo apetite voraz e por não ter predadores naturais.
A espécie invadiu o litoral leste dos Estados Unidos, desceu pela América Central, chegou à Amércia do Sul e se aproxima do Brasil. Está na Venezuela e cada vez mais próximo. Em linha reta, 1.500 quilômetros separam a última avistagem de peixe-leão da Foz do Oiapoque, nosso extremo norte.
Não é conversa de pescador
O risco do peixe-leão foi tema de workshop internacional, está na pauta de revistas especializadas e nos tópicos de encontro de especialistas, como o ICRI (Internacional Coral Reef Initiative, a Iniciativa Internacional pelos Recifes de Corais). É assunto que freqüenta e-mails e lista de discussões de pesquisadores norte-americanos, caribenhos e, agora, brasileiros.
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Em sua área de ocorrência original (no encontro dos oceanos Índico e Pacífico), as presas do peixe-leão conhecem o modelo de ataque e sabem como evitá-lo. “Isso não ocorre no Caribe”, explica Luiz Rocha. A invasão do peixe-leão no Golfo do México e no Caribe teve seus efeitos apontados em estudos recentes, que revelam a diminuição significativa de peixes pequenos, onde o peixe-leão chegou. “Pelas características da espécie, podemos dizer que é inevitável sua chegada ao Brasil, mais cedo ou mais tarde”, supõe o pesquisador.
Invasão pode ocorrer em uma década
O professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Jorge Luiz Silva Nunes concorda que a ameaça existe e adverte ela não é a única. “Há inúmeras espécies invasoras que têm merecido atenção, pois não ocorrem apenas danos ecológicos, mas eventos com gastos diretos na economia”, alerta.
Ele cita a introdução do mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), que bloqueia tubulações de hidrelétricas onerando a produção de energia. “Outros exemplos são pontuais como o coral-sol (Tubastraea spp.) que têm competido por espaço com espécies nativas de corais e o Omobranchus punctatus, encontrado em quase todas as poças de maré de praias urbanas da Ilha do Maranhão”.
A visão otimista de alguns debatedores aponta que a invasão do peixe-leão no litoral nordestino brasileiro poderia ser barrada por um acidente natural de grandes dimensões, a Foz do Amazonas. Essa visão, infelizmente, é minoritária entre pesquisadores. Jorge Luiz Silva Nunes afirma que esses animais podem ultrapassar a foz por baixo da sua influência. “Muitos peixes podem usar o fundo cheio de esponjas e outros organismos bentônicos para servirem de trampolim”, calcula o doutor em oceanografia radicado no Maranhão.
Histórico da invasão
O primeiro registro de um peixe-leão fora de um aquário ocorreu em 1992, em Key Biscayne, Miami. Osmar Júnior acompanha a invasão da espécie como biólogo especializado em vida marinha e como colunista de conservação em revistas de mergulho. Ele conta que em 2002, mais de 30 exemplares de peixe leão foram identificados pelos pesquisadores da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) espalhados pela costa leste dos Estados Unidos (Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e até Nova Jersey).
Também dois exemplares foram capturados na Ilha de Bermuda, a mais de mil quilômetros do continente. Atualmente, os peixe-leão são contados a centenas. “Submersíveis e ROVs, inclusive, estão encontrando a espécie em profundidades entre 80 a 100 metros, curiosamente uma faixa jamais registrada em sua localidade natural”, relata Osmar Luiz Júnior. Nos EUA, a quantidade se tornou abundante e chega a competir com badejos e garoupas nativas. Dados do NOAA registram que invasão começou na Flórida e se dirigiu ao norte, em razão das correntes marítimas. Acredita-se que o clima vai barrar o lionfish, que até então não se adaptou às latitudes mais altas. A preocupação maior aponta para o sul. Em 2005, conta Osmar Luiz, os primeiros peixe-leão foram vistos nas Bahamas. Depois República Dominicana, Jamaica, Cuba, Ilhas Caymam e Belize. “Além da rapidez com que vem se espalhando, outro fato é a grande densidade de indivíduos que estão sendo observados”, aponta Osmar Luiz. Já se estimaram a quantidade absurda de quase 400 exemplares de peixes-leão por hectare, nas Bahamas. “É cerca de cinco vezes a densidade que ele normalmente apresenta nos recifes do Mar Vermelho”, compara o pesquisador com o habitat clássico desse peixe recifal.
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O peixe-leão gosta de 50 espécies de pequenos peixes e crustáceos, alguns de valor comercial. Ele pode mudar a oferta de lagostas, por exemplo, por competir com os alimentos desses crustáceos. No Caribe, já se registrou redução na população de peixes-papagaio. “Isso preocupa, porque o peixes-papagaio são herbívoros e tem a função de remover algas que competem com os corais por espaço”, aponta Osmar Luiz.
Sem vida recifal, o equilíbrio ecológicos está afetado, alertam os biólogos que estudam a vida marinha e podem detalhar a importância dos recifes de corais na vida no mar. Sem alimentos, populações de lagostas e outras espécies comerciais também podem sofrer as consequências, temem os pescadores (de todos os tamanhos). Isso sem falar nas consequências para o turismo, entre as operadoras de mergulho (os recifes de corais é uma atração clássica, entre os praticantes da atividade).
Uma das reações à invasão, na América Central, foi a liberação da pesca do peixe-leão. O problema é esse peixe exuberante é da família dos Scorpaenidae, a qual pertencem os peixes mais venenosos do mundo. “Como o stonefish do Indo-Pacífico, que causa acidentes letais, e o nosso beatriz ou mangangá”, explica o professor Vidal Haddad Junior, doutor do departamento de Dermatologia e Radioterapia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em Botucatu, São Paulo e especialista em animais e organismos marinhos peçonhentos.
O veneno do peixe-leão fica nos raios da nadadeira dorsal. Acidentes não são comuns entre as ilhas e continente banhados pelo Mar Vermelho, porque os nativos conhecem muito bem. “No Brasil registrei cinco ou seis acidentes no Instituto Butantan, obviamente em aquaristas”, aponta Vidal Haddad.
O veneno do peixe-leão causa dor intensa, vermelhidão, inchaço e por vezes, bolhas no local onde os raios penetram. “Pode ocorrer mal-estar, mas não mata. O acidente pelo nosso peixe-escorpião (conhecido como beatriz, no Nordeste) é mais grave”, esclarece Haddad. “O único tratamento disponível é mergulhar a mão em água quente, que melhora muito a dor”.
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Boa tarde, também tive a oportunidade de encontrar uma especie semelhante a que você descreveu, avistei em Porto de Galinhas, próximo aos locais onde as embarcações levam os turistas para as piscinas naturais. A especie parecia muito com uma raia, não cheguei muito perto, pois, de inicio achei que fosse o peixe leão.
gostaria de saber se existe no brasil algum peixe parecido, da familia desta espécie, pois esta semana, 25 de dezembro de 2013, estava fazendo snorkell em muro alto, em porto de galinhas, e avistei um peise locomovendo-se junto ao solo, parecia que voava, até parecia uma pequena arraia, mas ao olhar melhor notei que o mesmo tinha um aspecto bem feio, boca grande, com espinhos logo atras da cabeça e outros masi proximo a nadadeira da cauda. Eram espinhos grandes. como era mare baixa e muito movimento e aagua era turva, nao consegui ver se era colorido, mas me pareceu de uma cor meio cinza. grato se puder me responder, fico no aguardo, pois nao consegui identificar tal peixe.