Notícias

Lei Municipal proíbe pequenas hidrelétricas no Rio Pardo

Campanha da ONG Rio Pardo Vivo consegue mobilização política e oficializa a não instalação de pequenas centrais hidrelétricas no rio, em SP.  

Flávia Moraes ·
5 de agosto de 2011 · 14 anos atrás

Flávia Moraes

Trecho do Rio Pardo onde seriam construidas PCHs. Crédito: Cavalchuki
Trecho do Rio Pardo onde seriam construidas PCHs. Crédito: Cavalchuki
A ONG Rio Pardo Vivo, com o apoio do Conselho Missionário Diocesano (COMIDI) de Ourinhos – São Paulo, venceu a luta contra a construção de nove pequenas centrais hidrelétricas previstas para o trecho do Rio Pardo que banha o município de Santa Cruz do Rio Pardo. A publicação da Lei Municipal n°2.526, de 29 de julho de 2011, marca essa conquista ao declarar o trecho do rio que banha o território municipal como patrimônio cultural, paisagístico, ecológico e turístico do Município. (Veja a Lei assinada aqui).

Em junho, ((o)) Eco acompanhou a mobilização da comunidade local para preservar o seu curso d’água livre de barragens, inclusive a participação ativa do padre Giovanni Bruno (veja a matéria publicada), que agora comemora o resultado. “A ONG Rio Pardo Vivo liderou uma maravilhosa obra de sensibilização envolvendo o setor de educação municipal, as comunidades religiosas, os comerciantes e ruralistas locais, assim como grupos de ecologistas e cientistas. O sancionamento e publicação da Lei revela a força desse trabalho feito em conjunto”, declara o padre.

Em material enviado pela ONG, destaca-se como finalidade das comunidades da bacia do Rio Pardo não somente dizer não ao impacto socioambiental que as hidrelétricas podem causar, mas buscar a valorização do rio para atividades de lazer e culturais. A ideia de organizar um circuito turístico no local é uma opção que pode resultar em mais renda do que a pouca energia prevista pelas hidrelétricas. Outra motivação da campanha foi propor uma alternativa energética que a região já tem (a biomassa) e promover outras fontes que não destruam ou cimentem o patrimônio natural existente. Além de evitar a expropriação dos mais de 150 proprietários das terras no entorno do rio.

Para o padre Giovanni, a vitória em Santz Cruz representa um exemplo para outros municípios brasileiros. “Essa experiência pode ser repetida por outras cidades que sofrem o assédio de construtoras para instalar barragens em seus cursos d’água, seja dentro do Estado de São Paulo, seja em outros locais. Talvez a maioria dos municipios atingidos fiquem calados pelo jeito como os projetos são apresentados, sem dar tempo e oportunidade para discutir e organizar mobilizações. A luta ao redor de Belo Monte e do Código Florestal calaram a voz do povo, convencido de que não adianta protestar contra o que o Governo planejou dentro dos PACs [Plano de Aceleração do Crescimento]. Mas nós mostramos que é possível e não se deve desistir!”, conclui.

Saiba mais:
Hidrelétrica dentro de Raposa Serra do Sol

{iarelatednews articleid=”25147″}
 

  • Flávia Moraes

    Jornalista, geógrafa e pesquisadora especializada em climatologia.

Leia também

Reportagens
18 de setembro de 2025

Recorde de desmatamento na Caatinga atinge terras ligadas ao caso Boi Gordo

A expansão da agropecuária e das usinas solares e eólicas acelera a devastação desse bioma exclusivo do Brasil

Notícias
17 de setembro de 2025

PF prende 22 em operação que investiga corrupção na Agência Nacional de Mineração

Foram cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, 22 mandados de prisão preventiva e afastamento de servidores públicos; esquema envolvia lavagem de dinheiro e corrupção

Reportagens
17 de setembro de 2025

Legado Tanaru: terra de povo indígena dizimado ganha sinal verde para virar parque

Decisão histórica do STF abre caminho para criação do Parque Nacional Tanaru, em Rondônia, onde vivia o “Índio do Buraco”, último representante de seu povo, morto em 2022

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.