O destino do projeto Energia Verde, no sul do Piauí, ainda está em aberto. Segundo fontes do governo federal, há forte pressão de parlamentares e do governo do Piauí para frear a ampliação do parque nacional da Serra das Confusões, ao menos nas dimensões propostas pelo Ministério do Meio Ambiente e Instituto Chico Mendes. A área protegida engoliria o projeto, visto como manejo florestal pelos órgãos oficiais, mas apontado por ambientalistas como um dos maiores desmatamentos do Nordeste. Conforme o ICMBio, as áreas já afetadas pelo empreendimento, cerca de 300 hectares, poderão ficar de fora do aumento na área de Confusões.
Como o ministro Carlos Minc pretende resolver o impasse antes de sua saída para concorrer à Câmara, deixando a medida pronta para ser anunciada por Lula, o mês de março promete elevar a tensão política entre os governos federal e estadual. Esse último, a cargo do petista Wellington Dias. Um dos principais articuladores da licença do projeto quando estava no Ibama/PI, Antônio Carlos Moura Fé, é superintendente estadual de meio ambiente desde abril do ano passado.
O impasse sobre as matas regionais se arrasta desde meados de 2006, quando o Ibama autorizou a empresa carioca JB Carbon (cujo site está fora do ar) a desmatar 77 mil hectares de florestas sob regime de manejo para produzir mais de 220 mil toneladas/ano de carvão vegetal e abastecer guseiras de Minas Gerais. Agora, já aventa-se a possível instalação de uma termoelétrica no sul do Piauí, abastecida à carvão, para melhorar o fornecimento de energia na região de Bom Jesus do Gurguéia.
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Os biomas esquecidos
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