Fundado há dezessete anos, o Inee (Instituto Nacional de Eficiência Energética) vem alertando que o Brasil precisa de uma legislação para regulamentar a produção, comercialização e uso do carvão vegetal. Segundo seu diretor, Jayme Buarque de Hollanda, isso traria mais eficiência à transformação da madeira em carvão, padronizaria a produção, facilitaria a fiscalização e reduziria a pressão sobre matas nativas.
Fornos do tipo “rabo quente”, por exemplo, reduzem o consumo de madeira da Caatinga em quase 60%, mas no geral o desperdício registrado no país é extremo. Menos de 10% da madeira cortada chega ao mercado na forma de carvão.
“Os processos atuais de carvoejamento são extremamente ineficientes, jogam fora quantidade enorme de matérias-primas. Há condições para o país usar melhor a madeira, mas falta vontade política”, disse. Como sempre.
Conforme Hollanda, os dados do último balanço energético nacional mostram que 14% da energia primária no país vem da madeira, seja na forma de lenha ou carvão, e metade dessas matérias-primas são queimadas pela indústria. Por volta de 35% do ferro gusa nacional depende de carvão vegetal. Conforme a lei, todas as siderúrgicas deveriam ter plantações de árvores exóticas para se abastecer.
Tamanha demanda por esse tipo de combustível pressiona matas nativas de todo o país, mas no Cerrado, a situação é ainda pior. No bioma, até as poderosas raízes são arrancadas para o carvoejamento.
Confira aqui um artigo de Jayme Buarque de Hollanda sobre “florestas energéticas”.
Leia também
Avistar celebra os 50 anos da observação de aves no Brasil
17º Encontro Brasileiro de Observação de aves acontece este final de semana na capital paulista com rica programação para todos os públicos →
Tragédia sulista é também ecológica
A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos →
Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial
Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas →