A descoberta foi fruto da cooperação luso-brasileira entre a Universidade de Aveiro (UA), em Portugal, a Universidade Federal do Tocantins, a Universidade Federal do Espírito Santo e o Centro de Conhecimento em Biodiversidade Tropical (Ecotropical). Foi enviada ao local uma equipe do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia (DBio) da UA, coordenada pelo professor e biólogo Carlos Fonseca.
A pesquisa fez parte do estudo de doutorado da bióloga Rita Gomes Rocha, doDBio e CESAM/UA, que permaneceu longos períodos na estação de campo, em colaboração com Bárbara Costa e Leonora Costa (Universidade Federal do Espírito Santo).
A bióloga dedicou os quatro anos pesquisando as comunidades de roedores e marsupiais de uma região brasileira muito pouco estudada, ao longo de uma das maiores bacias hidrográficas do Cerrado.
Através de intensa amostragem de campo, ocorridas entre junho de 2007 e novembro de 2008, além de análises genéticas e morfológicas realizadas na Universidade do Espírito Santo, Rita Rocha e colegas descreveram a espécie. O holótipo desta espécie está depositado no Museu Nacional, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O roedor está associada ao habitat denominado “Ipuca”, nome dado aos fragmentos florestais naturais que ocorrem na planície aluvial do rio Araguaia. Estes fragmentos estão altamente ameaçados devido à intensa exploração agrícola na região.
Foi descoberto também que há duas espécies irmãs: R. ipukensis, que ocorre no lado leste do rio, no Estado do Tocantins e R. emiliae, que ocorre no lado oeste do rio, já nos Estados do Pará e Mato Grosso. Segundo os biólogos, análises moleculares revelaram que o Araguaia teve papel fundamental na separação dessas espécies. Estes resultados estão de acordo com o modelo de especiação por efeito de barreira dos rios, inicialmente proposto por Alfred Russel Wallace em 1852.
Os pesquisadores acrescentam que estes estudos não estão inteiramente concluídos. Por isso, é provável que em breve mais descobertas sejam feitas quanto à fauna de roedores e marsupiais deste bioma bastante particular e desconhecido, como resultado dos trabalhos efetuados pelas equipes do DBio e CESAM/UA, em colaboração com instituições universitárias e de pesquisa brasileiras. (Nathália Clark)
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