Reportagens

Carvão: um beco sem saída?

O Eco visita mina de carvão mineral na Polônia para saber porque o combustível está no meio do impasse para novo acordo na Convenção de Mudanças Climáticas

Redação ((o))eco ·
8 de dezembro de 2008 · 15 anos atrás

O cientista americano James Hansen, conhecido como um dos pioneiros na pesquisa do aquecimento global tem repetido constantemente em seus artigos que o verdadeiro nó górdio para o meio ambiente não é interromper o uso do petróleo como tantas vezes se ouve por aí. Quando se fala em reduzir o consumo de combustíveis, frisou Hansen em uma carta pública enviada ao primeiro ministro da Inglaterra, o problema verdadeiro se chama carvão mineral. Toneladas do carburante que moveu a revolução industrial ainda são queimadas todos os dias gerando 41% das emissões globais de carbono – 11 bilhões T/CO2 por ano.

Nesta semana em que as negociações da Convenção da ONU entram em momento decisivo aqui em Poznan, na Polônia, as atenções estarão voltadas para União Européia. O bloco nos próximos dias vai debater o chamado Pacote de Energia e Mudanças Climáticas, que compreende uma série de medidas concretas em setores como transporte, habitação e indústria para que seja possível cumprir a meta de reduzir 20% das emissões de carbono em 2020.

O que acontecer em Bruxelas, sede da Comissão Européia, vai influenciar em grande parte o que ocorrerá em Poznan. A Europa lidera entre os países ricos as iniciativas de redução de emissões. É ela quem tem as metas mais ambiciosas e também quem mais defende cortes drásticos até 2050. Se Europa não fizer o seu dever de casa, será difícil que os Estados Unidos o façam, afirmam os especialistas.

Entretanto, a própria anfitriã da Conferência da ONU, a Polônia, é um dos países mais relutantes em aceitar medidas concretas. A dependência da energia gerada pelo carvão mineral está por trás de sua resistência; 93% do suprimento do país provém do combustível. “A Polônia é a China da Europa”, define uma ativista do Greenpeace ao lembrar das poluentes termoelétricas do país asiático.

No interior da Polônia

O Eco visitou no último dia 03 de dezembro, na cidade de Konin (140 quilômetros de Poznan), a área onde são extraídos há 60 anos 11 milhões de toneladas/ano de carvão para abastecer termoelétricas que fornecem pelo menos 5% da energia do país. Ali o Greenpeace montou acampamento de sua campanha mundial ‘Carvão Não!’.

 

Foto: Rod Harbinson
Foto: Rod Harbinson

Gustavo Faleiros está em Poznan a convite do Climate Change Media Partnership.

Leia também

Notícias
27 de março de 2024

G20 lança até o final do ano edital internacional de pesquisa sobre a Amazônia

Em maio será definido o orçamento; temas incluem mudanças climáticas, risco de desastres, justiça ambiental e conhecimentos indígenas

Colunas
27 de março de 2024

O papel do jornalismo na construção de uma nova mentalidade diante da Emergência Climática

Assumir a responsabilidade com a mudança de pensamento significa assumir o potencial do jornalismo em motivar reflexões e ações que impactam a sociedade

Reportagens
27 de março de 2024

ICMBio tem menos de R$ 0,13 para fiscalizar cada 10.000 m² de áreas protegidas

Acidente com servidores no Amapá escancara quadro de precariedade. Em situação extrema, além do risco de morte, envolvidos tiveram de engolir o próprio vômito

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.