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Trégua. Foi o que pediu o palestrante James Barborak, da Conservação Internacional, a sócio-ambientalistas e conservacionistas presentes ao V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) em Foz do Iguaçu. Para ele, o embate filosófico sobre o favorecimento de unidades de proteção integral ou de uso sustentável é empobrecedor. “O ‘lado malvado’ é muito maior do que nós todos juntos. A rixa interna só nos enfraquece”, disse. No entanto, fez questão de deixar claro: o principal objetivo das áreas protegidas deve ser conservar a natureza. Tudo o mais é secundário.
“Seria muito mais rico se as discussões se focassem em cada área específica, na hora de escolher as restrições que se lhe devem impor”, opina. Em sua palestra sobre as categorias de áreas protegidas da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza), Barborak defendeu que há lugar para todas, da mais restritiva à mais liberal. “Elas são complementares”, diz. O importante é empregar cada uma no local apropriado, avaliando tecnicamente a categoria adequada. “O que se faz normalmente é cercar áreas mais restritivas de outras que comportam algum uso de recursos”, explica.
A contenda apareceu com força no último Congresso Mundial de Áreas Protegidas, em Durban, na África do Sul, em 2003. Mesmo que agora adote uma visão e conciliação, o conservacionista Barborak se disse decepcionado com o evento. “De repente você passa a ser visto como inimigo da humanidade só porque é adepto dos parques nacionais?”, pergunta. Como lembra Alekcey Valladares (que faltou ao CBUC por problemas nas conexões quando voava ao Brasil, mas enviou com antecedência o artigo que apresentaria), nesse momento se consolidou dentro mesmo da UICN a perspectiva de se usar as áreas protegidas para diminuir a pobreza nos países em desenvolvimento. Para o costa-riquenho, bem menos preocupado com a paz entre os adversários que Barborak, “o movimento de conservação foi arrebatado pelos políticos, pelas políticas de desenvolvimento econômico e os grupos de pressão política”, escreveu.
São seis as categorias propostas para a UICN, representadas por algarismos romanos de acordo com os objetivos de cada uma. A categoria I é composta geralmente por reservas de conservação estrita (no Brasil, são as Reservas Biológicas e Estações Ecológicas) para fins de pesquisa ou prestação de serviços ambientais. Na categoria II, vêm os Parques Nacionais (II). As nossas Reservas Extrativistas (Resex), Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Florestas (Nacionais, Estaduais e Municipais) encontram-se na categoria VI.
Barborak lamenta a quantidade de nomes diferentes criados por políticos ao redor do mundo para cada tipo de área protegida. Criticou sistemas com muitas categorias diferentes, por criarem confusão e falta de clareza nos objetivos de cada uma. Mas não quis comentar o caso brasileiro: nosso Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) tem 12 categorias, o dobro da proposta da UICN. O pesquisador também reforçou o fato de que é muito mais difícil manejar áreas de uso sustentável do que as de conservação integral. “Não basta proibir, nesses casos é preciso regular”, disse. E isso é muito mais trabalhoso. Cobrou a necessidade de ter guarda-parques em todas as categorias, mas especialmente nas que comportam pessoas dentro de seus limites. “Sempre haverá gente se portando mal”, lamentou.
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