No Brasil existem mais de 120 espécies e subspécies de primatas. Entre elas, 47 estão em alguma lista de ameaçadas de extinção.
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Já foram obtidas informações importantes sobre a espécie, que hoje está restrita a poucas áreas da Mata Atlântica, ao norte do Rio São Francisco. O macaco-prego-galego já ocupava uma área restrita de Mata Atlântica, a Zona da Mata Nodestina, nos estados de Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, mas que agora está muito mais reduzida. Historicamente, esta floresta foi sendo destruída por sucessivos ciclos econômicos, principalmente o da cana-de-açúcar.
Aniversário
A redescoberta do macaco-prego-galego é uma das conquistas do CPB, criado em 2001, em João Pessoa. Em outubro completou dez anos de existência. O Centro foi criado ainda no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e passou para o ICMBio após as mudanças sofridas em 2008.
O Centro trabalha com espécies que estão entre as mais ameaçadas e que não são objeto de ações ou pesquisa de outras instituições. A busca de informações básicas, como área de ocorrência e ameaças, são importantes para a atuação do centro, que pode propor ações para a preservação, como criação de Unidades de Conservação ou estratégias de manejo. “Desde a criação, é voltado para a pesquisa e conservação de primatas, sendo que esta pesquisa é sempre estratégica para gerar informações para espécies ameaçadas”, conta Jerusalinsky.
Guigó
O que é um guigó?
O guigó é maior do que um sagui e pesa cerca de 1 quilo. Ele ocorre no Recôncavo Baiano e em Sergipe, ao sul do Rio São Francisco. |
Calcula-se que tenham restado cerca de 2 mil guigós na natureza. Mas um grande esforço para o mapeamento e diagnóstico pode mudar a situação de ameaça deste primata. Entre 2004 e 2006, foram realizadas seis expedições para inventário e mapeamento de populações remanescentes das espécies.
Durante este trabalho, foram identificadas 65 populações do Callicebus coimbrai. Os estudos, realizados em colaboração coma Universidade Estadual de Sergipe e Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscam apresentar o habitat, hábitos alimentares e relação com outras espécies ameaçadas, como o macaco-prego-de-peito-amarelo, que ocorre na mesma área.
Outras espécies
Em comum todos os primatas brasileiros vivem em florestas, nas árvores, e sofrem com a caça e perda de habitat. Na Mata Atlântica, a redução da área de ocorrência é ainda mais grave, devido a este bioma ter a maior densidade populacional, de humanos, e restar menos de 10% da floresta original.
Uma das situações mais preocupantes é a do bugio ou guariba (Alouatta ululata), considerado um dos dez primatas mais ameaçados do país. Entre as oito espécies de guariba que existem no Brasil, esta é única que ocorre em uma área de transição, entre Cerrado, Caatinga, Amazônia e Mata Atlântica, em remanescentes de floresta que se estendem do Maranhão ao Ceará. O projeto Ululata, iniciado em 2004, realiza um inventário e mapeamento das áreas de ocorrência da espécie.
Desde 2005, o CPB estuda o Caiarara (Cebus kaapori), “um primata muito sensível a perturbação do meio ambiente, prejudicado até pelo corte seletivo de árvores”, nas palavras de Jerusalinsky. O caiarara está criticamente ameaçado de extinção. Na Amazônia também existem esforços com o Cepam, WCS e Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para protejer o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor).
Há também preocupação com outros temas. Está sendo realizado, por exemplo, um mapeamento de espécies invasoras. “Pessoas pegam para domesticar a levam para outras regiões. Quando é pequeno, é dócil, mas adultos, quando atingem a maturidade sexual, ficam mais agressivos. Aí, soltam em qualquer lugar”, conta… Ele cita os casos de saguis, de macacos-prego, de micos de cheiro – naturais da Amazônia mas com população em Pernambuco, Salvador (BA) e Rio de Janeiro, até mesmo em unidades de conservação.
A estratégia usada pelo CBP é fazer acordos, através de Planos de Ação, para reunir várias instituições, até mesmo com interesses conflitantes, para alcançar um objetivo comum. Estes planos prevêem metas e conjuntos de ações que devem ser implatadas por todos os parceiros. “A gente sabe que o país está se desenvolvendo, sabe que tem impactos e sabe que tem interesses, então…”, afirma o coordenador.
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