No final de abril, Maria foi apresentada ao público. Ao evento, compareceram jornalistas, políticos, pesquisadores, crianças e adultos. Sua fama não é por menos: ela é o primeiro filhote de uma espécie rara de macaco nascido em cativeiro, o macaco-prego-galego, ou Cebus flavius, espécie desaparecida há mais de 200 anos e redescoberta em 2006 pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros, do Instituto Chico Mendes.
Para montar a história de Maria e de sua espécie, foi preciso juntar muitas peças de um antigo quebra-cabeças taxonômico, no qual entraram descrições e informações de autores dos séculos XVII ao século XXI. Ao final do trabalho, a surpresa de descobrir que as populações avistadas não faziam parte de uma variação fenotípica do Cebus libidinosus, a espécie mais conhecida de macaco-prego, nem eram uma nova espécie.
Para tristeza de Maria, no entanto, ela já nasce sob o perigo de extinção: atualmente, estima-se que existam cerca de 20 populações, algo entre 200 e 300 animais, mas apenas oito foram confirmadas, números que colocam a espécie entre as mais ameaçadas do Brasil.
Como o mico-leão-galego ocorre em um dos fragmentos mais ameaçados do país, a Zona da Mata nordestina, onde os remanescentes representam apenas 1% da cobertura florestal original, a espécie fica a mercê do iminente perigo de extinção e à espera de ações conservacionistas do governo que garantam o mínimo de espaço para sua sobrevivência.
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