Reportagens

Bellini e as tartarugas – com Cláudio Bellini

Em 25 anos, o Projeto Tamar salvou 7 milhões de tartarugas e mostrou que conservação é algo possível no Brasil. O coordenador Cláudio Bellini diz como.

Marcos Sá Corrêa · Carolina Elia · Andreia Fanzeres · Carlos Secchin ·
5 de agosto de 2005 · 19 anos atrás

O Eco completa um ano de sobrevivência no meio ambiente prestando atenção à experiência de quem já está há 25 anos no ramo: o Projeto Tamar. Com bases espalhadas por sete estados, o projeto ajudou cerca de 7 milhões de tartarugas marinhas a chegarem sãs e salvas ao mar. O coordendor das atividades em Pernambuco e Rio Grande do Norte, Cláudio Bellini, conta que o Tamar é fruto de uma viagem de estudantes, na década de 70, ao litoral nordestino. O projeto hoje é uma marca internacionalmente reconhecida, emprega mil pessoas e só em Fernando de Noronha movimenta dois milhões de reais por ano com venda de produtos que levam seu nome. Mas o pessoal que está à frente deste programa não se dá por satisfeito. Apesar de contar com o patrocínio da Petrobras e com o apoio logístico do Ibama, a turma quer ganhar auto-suficiência para garantir que o Tamar sobreviverá tempo suficiente para ver as espécies que protege sair da listas de animais ameaçados de extinção.  A seguir, a primeira parte da conversa que Bellini teve na redação de O Eco, onde passou cerca de 3 horas.


Como o Projeto Tamar começou?

Bellini: Começou com uma foto de tartarugas que rodou o curso de oceanografia da FURG, a Fundação Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no fim da década de 70. Até então não tinha relato de ocorrência de reprodução de tartarugas marinhas no Brasil.

Nem na Amazônia?

Bellini: Não se sabia que tinha desova de tartarugas e nem a presença de peixe-boi no Brasil, que foram os nossos dois primeiros projetos.

Mas e as populações ribeirinhas?

Bellini: A cultura tradicional sabia, quem não sabia era a cultura científica, as universidades. A foto foi tirada pelo Guy Marcovaldi e pelo José Catuêtê de Albuquerque, o Catu, durante uma viagem ao Atol das Rocas. Eles eram estudantes do curso de oceanografia e ficaram impressionados quando viram pescadores matando tartarugas. Registraram tudo e descobriram que as tartarugas desovavam ali.

Como eles foram parar no Atol das Rocas?

Bellini: Esta história é curiosa. Em 1976, eles saíram de carro do Rio Grande do Sul com o objetivo de ir até Fernando de Noronha. Em Salvador eles fizeram amizade com um casal na praia e os convidaram para comer um peixe que eles tinham acabado de pescar. O casal ficou super contente e quando eles disseram que queriam tentar ir a Noronha, o cara falou que era comandante da aeronáutica e que poderia ajudá-los a chegar na ilha. Resultado: eles pegaram carona em um avião militar. No caminho sobrevoaram Rocas, que eles nem sabiam que existia:  “Pô, o que é isso? Que maravilha, um atol no meio do oceano! O que é isso?” “É o Atol das Rocas.” Aí eles foram para Noronha, mas programaram uma ida para Rocas no ano seguinte.

E como é que as fotos desencadearam o Tamar?

Bellini: As fotos foram parar na mão do Renato Petry Leal, diretor da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul que pouco tempo depois assumiu a Divisão de Proteção à Fauna Silvestre do Instituto Brasileiro de Florestas, O IBDF. Numa reunião sobre as responsabilidades do Brasil como signatário da CITES, Convenção Internacional de Tráfego de Espécies ameaçadas de extinção, se levantou a necessidade do país desenvolver um projeto na área de conservação. Renato lembrou das fotos e sugeriu o nome do Catuêtê para liderar um projeto de conservação de tartarugas marinhas. O Catu chamou o Guy e eles foram contratados no começo da década de 80 para fazer o levantamento da costa e identificaram as áreas prioritárias para conservação.

Quais eram?

Bellini: Era Comboios(ES), onde tem a tartaruga de couro, Praia da Forte (BA), onde tem a tartaruga  cabeçuda e a de pente e Pirambu(SE), onde tem a maior concentração de desova de tartaruga verde-oliva. Em Noronha tem a tartaruga verde e de pente, só que em populações muito reduzidas.

No Rio Grande do Sul não tem tartaruga?

Bellini: Não, não tem. Na verdade, acho que o processo se desencadeou em função dessa turma do Guy e do Catu terem o hábito do mergulho, uma cultura que é mais do pessoal do Rio de Janeiro. Foi uma coisa de estar na hora certa, no lugar certo. Na Universidade, tendo informações, se tornando profissionais e gostando de mergulhar, encontraram a tartaruga que é uma espécie de símbolo, como as baleias mamíferas, protegida por convenções internacionais. O Brasil teve que tomar uma iniciativa e aí eles foram contratados pra isso. Se fossem burocratas, com certeza não teria dado certo.

Deu muito certo.


Bellini: Até a gente fica impressionado com o tamanho do Projeto Tamar 25 anosdepois. O Tamar é um programa do Ibama  mas hoje tem que ser tratado como uma empresa porque a maior parte dos nossos recursos são administrados por uma 
Fundação de direito privado que tem muitas responsabilidades e como objetivos a integração comunitária e a auto-sustentação. Hoje a gente tem mais de mil funcionários e a maioria é morador das comunidades costeiras onde tem bases do Tamar.

Em tempo integral?

Bellini: Eu acho que não em tempo integral porque o trabalho dos pescadores é sazonal. Mas a gente fez um levantamento recente de pessoas que estão diretamente envolvidas com a atividade da tartaruga e deu mil cento e poucas. Isso inclui, por exemplo, as 30 mulheres da confecção no Espírito Santo que fazem as camisetas do Tamar.  É uma cooperativa de trabalho, elas não são contratadas pela fundação, mas o Tamar é a instituição mantenedora.

E os Patrocinadores?

Bellini: A Petrobras é a nossa maior patrocinadora.

E quem mais?

Bellini: O Tamar é um programa do Ibama. Eu sou funcionário do Ibama e o Instituto paga o salário das vinte pessoas que ocupam as principais funções dentro do Tamar.Isso nos dá um alívio e uma certa estabilidade.

Mas tem uma independência do Ibama.

Bellini: O Ibama é o responsável pela política de conservação brasileira, inclusive das tartarugas marinhas. A Fundação Pro Tamar foi criada porque tem como objetivo gerar empregos que permitam a sustentabilidade da conservação da tartaruga no Brasil e o Ibama não pode receber o dinheiro gerado por essas atividades. Essa parte social também foi um dos pilares do projeto.  A gente contratou os pescadores dos lugares onde havia desova e que costumavam comer as tartarugas para nos ajudar. Eles nos ensinavam onde aconteciam as desovas e como achar os ninhos.  Aos poucos se criaram laços de amizades e a possibilidade de convencê-los a parar de comer tartarugas. Até porque é proibido e a gente está lá para cumprir a lei. Ou seja, a gente tirou a proteína deles, mas deu um salário.

E eles pararam?

Bellini: Há quase 15 anos a gente praticamente não faz mais transferência de ovos para cercados de incubação porque interfere muito no processo de eclosão. Quando você movimenta o ovo que já está num processo de desenvolvimento embrionário, ele gora. No começo nós éramos obrigados a movimentar todos os ovos porque senão eles eram comidos. Hoje já não existe mais esse problema, mas quando aparece uma tartaruga morta, os pescadores ficam loucos. Brigam para ver quem pega a cauda, que seria afrodisíaca.

Quais são os predadores naturais da tartaruga?

Bellini: São os grandes predadores de topo de cadeia, como tubarão. Mas o pior inimigo delas é a pesca comercial.Elas não são o alvo dos pescadores, mas ficam presas nas linhas quilométricas usadas para pescar atum, por exemplo. Esse problema levou o Tamar a sair da praia e ir trabalhar no mar.

Como é que é isso?

Bellini: As tartarugas nascem numa praia e são levadas pelas correntes. Elas estabelecem áreas de alimentação, crescem, se tornam adultas e voltam pra se reproduzir nas áreas em que nasceram. Elas estão, portanto, espalhadas por aí. Proteger a tartaruga apenas na praia não garante a conservação da espécie.

Como que vocês fazem para protegê-las no mar?

Bellini: Fazemos estudos genéticos pra comparar as diferentes populações e onde tem problema de captura acidental a gente toma medidas que promovam a redução. Por exemplo, mudança nos tipos de anzol e de isca. Existe uma lula artificial que atrai tanto albatroz quanto tartaruga. Estamos fazendo testes de tingimento nas lulas para que esses animais não consigam vê-las. O projeto Tamar e Projeto Albatroz têm uma convergência na proteção desses animais no sul do Brasil muito importante.

E a conscientização?

Bellini: Por sorte, as áreas onde têm tartaruga, também têm turistas. No caso de Fernando de Noronha, as pessoas podem acompanhar as nossas atividades e a gente tem um centro de visitantes com um pequeno museu e um anfiteatro. Lá acontecem palestras super legais, onde a gente mostra como é o nosso trabalho. As pessoas adoram.

Mas não tem exemplar vivo de tartaruga.


Bellini: A gente nunca quis construir aquários ou fazer culturas artificiais. Para ver tartaruga tem que se aventurar no mar, afinal é um parque nacional marinho. No período de desova tem atividade para os turistas. Se eles quiserem, podem ir à praia à noite com uma de nossas equipes para acompanhar a desova. Mas o legal é mergulhar, é muito comum encontrar tartarugas marcadas pelo projeto. Eventualmente aparece uma na África.


Qual foi o lugar mais longe que já apareceu tartaruga?

Bellini: Taisi e eu, minha ex-mulher, marcamos uma em Noronha que apareceu na
Baía de Corisco, no Gabão. Era uma tartaruga de pente que tinha ido desovar por
lá. Elas nascem na África e as correntes as trazem em direção ao Brasil, é a
corrente do descobrimento. O mais engraçado é que não tem padrão. No começo do
ano foram colocados transmissores por satélite em 15  femeas na Praia do Forte
BA. Duas foram parar em Belém, uma no Rio Grande do Norte, outra no Ceará, duas
em Abrolhos. Curiosamente elas não ultrapassaram o rio Amazonas.

E o que vocês sabem do comportamento delas?

Bellini: A gente sabe que em Noronha tem uma espécie de tartaruga que tem entre 20 a 30 centímetros. A partir desse tamanho, que é um tamanho que a gente chama de sub-adulto, elas vão para outro lugar. Elas não nascem lá. Vêm nessas correntes e vivem por ali um período. Ou seja, a que nasce em Noronha não fica no arquipélago e a que fica é estrangeira. É uma estratégia de conservação, todas as gerações não ficam juntas no mesmo lugar. O tsunami, por exemplo, detonou populações de tartaruga. Porque quando a praia inunda, os ovos morrem. Isso acontece muito em Noronha quando chove muito.

Nesses 25 anos do Tamar, vocês salvaram quantos filhotes?

Bellini: Olha, com essa última temporada, acho que uns sete milhões. Em Noronha , onde temos a menor população de tartarugas, a gente bateu nosso recorde. Neste ano, 17 fêmeas procuraram a ilha para desovar.

E Trindade?

Bellini: Em Trindade tem o posto oceanográfico da Marinha que é considerado também uma base do Tamar. A ilha é a principal área reprodutiva do Brasil, mas só reproduz a tartaruga verde. Estima-se que cerca de mil e cem fêmeas procurem Trindade todos os anos.

E a taxa de mortalidade é alta ?

Bellini: Duas estimativas indicaram que 10% a 15% morrem no caminho para a água. Um dos motivos é que em Trindade existem milhões de caranguejos. No fim da tarde, você pisa em caranguejo de tanto que tem. Mas as populações de tartaruga também se auto-regulam. Onde tem muita desova, a fêmea que vem no dia posterior às vezes detona os ovos da mãe que veio colocar no dia anterior. Não é proposital

Tem praia onde as tartarugas pararam de desovar?

Bellini: Em Fernando de Noronha há relatos de que na praia do Praia do Porto de Sto Antonio tinha muita tartaruga. Uma vez, uma máquina abriu uma greta na
areia e foram encontradas 20 desovas muito antigas. Talvez de centenas de
anos.

Por que elas teriam desistido dali?

Bellini: Ali com certeza o motivo foi a matança. O processo todo de ocupação da ilha se deu do Porto. A praia do Leão é a praia mais distante de toda a ocupação e é a praia que mais tem tartaruga. Por exemplo, em Fernando de Noronha a gente tem um mínimo de três e um máximo de 17 fêmeas por ano. Em Atol das Rocas a gente tem um mínimo de 50 e um máximo de 150 e Trindade tem aproximadamente 1.100 fêmeas. É interessante porque Trindade e Noronha têm uma formação geológica muito parecida.  A única explicação para Noronha ter tão pouca tartaruga é o passado de ocupação intensa e predatória.

No Brasil, o problema está resolvido?

Bellini: Não, porque as tartarugas se deslocam e não reconhecem fronteiras políticas. É um programa de longo prazo. Eu diria que elas estão muito bem conservadas. E isso é um reconhecimento do nosso trabalho nesses 25 anos.

O projeto sempre se chamou Tamar?

Bellini: Já nasceu como Tamar. No começo a gente chamava Projeto Tartarugas Marinhas, mas era muito comprido, difícil de gravar.

O projeto Tamar se tornou uma marca forte.

Bellini: A sorte é que as nossas queridas tartarugas, além de nos darem muitas alegrias, estão nas áreas onde as pessoas vão visitar. Então, no começo, elas viam as nossas camisetas e sempre queriam saber onde poderiam comprar. As primeiras foram confeccionadas por nós mesmos e virou um grande negócio.

E a Aqualang?

Bellini: A Aqualang nos ajudou muito. A parceria foi fechada há uns 15 anos e como ela desenvolvia produtos muitos bons, alavancou a nossa imagem. Mas a relação sempre foi comercial, ela nunca foi patrocinadora, e chegou um momento em que a gente não conseguia chegar a um denominador comum sobre a divisão dos lucros. Decidimos  fazer as camisas por conta própria e envolver a comunidade no processo. No ano passado a confecção do Espírito Santo bateu o recorde, produziu cento e dez mil peças.

Dá quanto?

Bellini: Se a gente somar tudo, vai dar 30% a 40% do nosso orçamento, o que alimenta o nosso Programa de Auto-sustentação.

Que seria a venda de roupas e coisas assim?

Bellini: É, centro de visitantes e bilheteria. Fernando de Noronha, Praia do Forte, Espírito Santo, Sauípe e Ubatuba são os maiores pontos de comercialização

Quanto dá Noronha, só Noronha?

Bellini: Eu nem sei se é conveniente dizer, se alguém lê vai falar “Não vou mais
mandar dinheiro pra vocês.” Em valores brutos a Regional movimenta cerca de
dois milhões de reais, pode parecer muito mais não é pois, somente a nossa
folha de pagamento custa R$ 40 mil reais por mês. São 40 pessoas diretamente
contratadas, encargos, etc. O restante  é utilizado para comprar camisetas e
fazê-las chegar até a ilha.  E o lucro liquido aplicado nas atividades de
conservação e pesquisa, manutenção, educação ambiental, pequenos investimentos,
etc. Como uma das nossas funções é a inserção social procuramos cumprir bem
este papel. Por exemplo, todos os funcionários do Tamar de Fernando de Noronha
têm plano de saúde, pago pela Pró Tamar. Não sei ao certo, mas acho que poucos
empregadores proporcionam este tipo de benefício aos seus empregados. E ficamos
muito felizes por isso.

A administração dessa parte comercial ocupa muito tempo?

Bellini: No começo, tudo era diferente, tinha uma outra proporção, a gente fazia um pouco de tudo. Ás vezes eu ia para loja vender camiseta. Hoje não, hoje a gente tem que ter um controle de estoque que tem que estar integrado com a venda das lojas. Um dia desse o meu administrador quase pediu demissão tamanha a pressão. O problema é que a nossa política é independência ou morte. Se a gente não for auto-sustentável, quem garante que amanhã a Petrobrás não será privatizada e a nova direção não vai querer mais nos patrocinar?

Você é gaúcho e está passando a vida numa ilha do Nordeste?

Bellini: As coisas vão acontecendo e não tem como. A tartaruga virou a nossa vida, a gente faz isso com o maior carinho. Para nós é um hobby, cuidar da tartaruga é uma aventura, uma diversão. Às vezes eu fico, como qualquer pessoa, deprimido, de saco cheio, mas aí eu paro e digo: “Não, para mim isso é uma diversão.”



Bellini e as tartarugas – Parte II

Marcos Sá Corrêa, Carolina Elia, Andreia Fanzeres e Carlos Secchin

Quando esteve na redação de O Eco para a entrevista, Cláudio Bellini contou tantas histórias que não couberam numa só edição. Reservamos para essa segunda parte alguns episódios divertidos e outros um bocado tensos de quando viveu em Fernando de Noronha, arquipélago que conhece como poucos depois de ter trabalhado lá por mais de dez anos, inclusive como chefe de parque nacional. Bellini também lembrou com alegria dos sufocos de sua rotina no Tamar no início de sua carreira, no Espírito Santo, e falando de quais eram as estratégias que usava para trazer comunidades de pescadores para o lado da conservação.

Você mora em Noronha?

Bellini: Estive lá desde 1991 mais ou menos, mas não, não moro mais lá. Em 2003, peguei meu filho João e a gente foi para o Recife porque eu já não agüentava mais, eu era coordenador do Tamar, chefe do Parque, estava no meu limite. Fiz o que podia fazer naquele período e me programei para me mudar. Pedi minha exoneração e me casei de novo.

Depois de tanto tempo lá, como você enxerga Noronha?

Bellini: Eu vejo Noronha de um jeito diferente. Eu sou a única pessoa que foi removida para lá, ex-oficio, pelo Ibama. Fui pra lá e não montei um negócio meu.Todo mundo monta negócio lá porque realmente Noronha é a última fronteira. É um lugar para onde a pessoa vai como pedreiro e seis meses depois vira condutor de visitantes. Conhece as trilhas, aprende a falar e pronto. Às vezes eu encontrava esse pessoal dizendo que levava o turista por vinte reais, não sei o quê. Ficavam até dizendo coisas sobre as tartarugas, porque elas desovam aqui, ali, cerca de 500 ovos por ninho. Eu dizia: “Vem cá, de onde você tirou isso?”. Aí o cara encabulava, porque nunca leu nada a respeito e acha que sabe.

Noronha tem guias qualificados?

Bellini: Tem sim. Foi criado um programa com esse objetivo. Se o cara quer ser condutor, tem que ir no Ibama se cadastrar, preencher uma ficha e começar o curso. Muita gente foi capacitada. O curso dava noções de monumentos, arqueologia, mergulho, trilhas. À medida que as pessoas iam fazendo, ganhavam um selinho. Era como se fosse uma credencial, que tinha o histórico da pessoa e as especialidades. Um podia ser de trilha interpretativa, ou outro de história cultural, o outro de mergulho livre, etc. Uns são obrigados a fazer aulas de primeiros socorros. Então hoje isso é o maior orgulho. Você chega lá no aeroporto e tem lá os guias com a credencial, que precisa ser renovada anualmente.

Você foi chefe do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha em que época?

Bellini: De agosto de 2002, contra minha vontade, até fevereiro de 2004.

Você gostou?

Bellini: Adorei ser chefe do parque porque é um reconhecimento para mim. Mas foi difícil porque fui nomeado à revelia, ninguém me conhecia. Me ligaram de Brasília e disseram: “Você foi nomeado chefe do parque.” O presidente disse para mim: “Você é funcionário de quem?” “Sou funcionário do Ibama.” “Quem que te paga?” “O Ibama.” “Então eu sou presidente do Ibama, eu te nomeei.” Vai dizer o quê? “Sim, senhor.”

Hoje estão tentando reestruturar os planos do parque. Você está participando disso?

Bellini: Sim, estou participando, mas não diretamente. Tenho os meus representantes lá, até porque eu não fico em Noronha. E não agüento isso para mim. Vou ser bem sincero. No começo sofri até perseguição.

Do que Noronha precisa mais?

Bellini: Acho que é interessante para Noronha definir política de turismo. E o modelo tem que ser sustentável. Se não for assim, ninguém mais vai querer ir para lá. Vai virar um Porto Seguro da vida. Só que as agências que exploram o turismo em Noronha não pensam desse jeito.

O turismo foi bom para a ilha?

Bellini: Eu acho que foi bom se a gente olhar pela ótica de que viabilizou um meio de vida. Na verdade, Noronha tem vários atrativos como arquipélago oceânico. Antigamente até Charles Darwin esteve lá. Ele e diversos outros. No diário de Darwin ele diz que o pessoal chegava lá, caçavam golfinho à noite, comiam, e no dia seguinte iam embora.

Agora a mentalidade mudou.

Bellini: Sim, e a tartaruga serviu pra isso. Noronha já passou por várias fases. Tinha época em que o Exército dava tiro em golfinho. Hoje se fala em momento sustentável. E apesar de estar na mídia, quando se fala em preservar Noronha para as futuras gerações, parece redundante, mas é verdadeiro. Tem que preservar. Os instrumentos a gente tem. Depende de quem está lá gerindo. Se não tivesse parque nacional, se não tivessem feito a coisa certa, aquilo ali era para ter virado um grande cassino.

Mas de onde veio essa idéia?

Bellini: O regime militar ocupou Noronha, que depois ficou sendo área do Ministério do Interior. Sei de uma história de que havia um lobby de um deputado de Pernambuco de reintegrar Noronha, ou seja, deixar de ser território federal para ser estadual, com a finalidade da liberação de jogos de azar. Então existia uma negociação para promulgar a nova Constituição, a qual passava Noronha para Pernambuco. Só que nesse meio tempo, as bancadas religiosas não permitiram a inclusão da liberação dos jogos de azar, o que inviabilizou a colocação de um cassino lá.

Você disse que passou por maus bocados por lá. Por que tanta resistência?

Bellini: Xenofobia. Lá é o seguinte, o problema é o território. Uma ilha oceânica é diferente do continente, onde você sai ocupando morro, cavando buraco. A ilha tem um espaço e tem também uma cultura revanchista. Acho até que é uma coisa natural das pessoas de lá. Quem nasceu ali sofreu muito com os regimes militares. Para eles sobrava o resto da comida, o resto do resto, do resto, do resto. Existem umas pessoas que são descendentes de presidiários e sempre levantam o dedo para dizer “Mas meu pai era presidiário!” Entendo que isso é da cultura, sempre tem uma resistência.

Quais são as mudanças que precisariam ser feitas em Noronha?

Bellini: O importante é zonear e colocar o condicionante.

O problema não é nem o zoneamento, é acabar com a zona.

Bellini: É, acabar com a zona. Fazer um zoneamento na beira, não ocupar as praias. O importante não é o plano de manejo. O importante é o manejo.

E como manejar Noronha?

Bellini: O maior problema, eu acho, é a subjetividade desses planos. Por exemplo, a capacidade de carga de Noronha. Posso fazer uma avaliação, ser uma pessoa muito conservadora e dizer, olha, Noronha pode ter 2.500 pessoas. Já tem três mil então temos que tirar 500. Da mesma forma, pode aparecer um outro cara e dizer, não, tem que ter só 500. Pode chegar outro que tenha uma visão desenvolvimentista e dizer, não, acho que Noronha deve ter 10 mil pessoas, olha quanta área que ainda não é ocupada, vamos construir, vamos verticalizar. Então existe uma subjetividade absurda nesses planos.

Parece que seriam proibidos mergulhos aos domingos. Os bichos estariam estressados.

Bellini: Os pontos que têm mais peixe são os pontos de mergulho. Então como a gente vai comparar uma área de controle que não vai turista com uma área que é visitada, sendo que ela é a que tem mais peixe? É difícil de avaliar. Num mergulho, numa filmagem ou fotografia você pode dizer que alguma coisa mudou, que tem mais ou menos peixe. Agora dizer que estressa, é óbvio que estressa. No fim da década de 80 eles caçavam, tem registro disso. Não existia cultura de conservação e era como diziam antigamente: tem pena, voa, dá um tiro. Meu pai falava isso. Eu ia caçar com ele quando tinha uns dez anos de idade.

Você já foi caçador?

Bellini: É, a gente ia caçar. Não caçava qualquer coisa, mas a cultura era “tem pena, voa…”. Sou um sobrevivente. Saí de uma cultura completamente insana. Meu pai me dava uma arma, olha só a irresponsabilidade do meu paizinho que tá lá no céu. Com oito anos de idade, ele me dava uma arma, uma 32, uma 36, e dizia, “meu filho, vai caçar!” Me dava um boné e falava: “Caça aí e traz coisa pra gente comer.” Porque a gente ia caçar na Lagoa dos Patos (RS) e não levava nada, só polenta, coisa de italiano, né? Só levava polenta e caçava passarinho, bem-te-vi, cara, caçava…

Como o mundo dá voltas…

Bellini: O mundo mudou, isso é fato. No mergulho, a mesma coisa. Mas quando você vai lá mergulhar e percebe que realmente algumas coisas estão mudando, tem que tomar cuidado. De repente você vê um branqueamento de coral. O que foi? Cocô de turista? Não foi. Noronha tem lá entre 60 e 70 mil turistas. É bastante, mas não tem aumentado. É o cocô do negócio, é o quê? Não se sabe. O único jeito de saber é monitorar. A gente sabe porque o Tamar monitora as praias, é a mesma coisa.

Você começou no Tamar no Espírito Santo. Como foi parar lá?

Bellini: São aquelas coincidências divinas. Eu nem sei como. Na verdade, me formei e o Joca era coordenador no Espírito Santo. Ele precisava de uma pessoa e disse: “Vem pra cá.” Eu me lembro que, quando me formei, meu pai ficou muito doente e eu passei um tempo com a minha mãe. Nem sabia para onde ia ou o que ia fazer, como todo mundo que sai de uma universidade. E o Joca disse: “Estamos precisando de alguém aqui pra implantar as bases ao norte do Espírito Santo, venha pra cá.”

Joca quem era?

Bellini: Joca é o coordenador do Tamar no Espírito Santo. João Carlos, Joca Tomé. O João Carlos é uma pessoa que admiro muito. O Tamar funciona por causa das pessoas. Tudo é feito com coração. Funciona porque, primeiro, o grau de responsabilidade que a gente tem é muito grande. Nem todo mundo trataria desse jeito essa coisa pública, a responsabilidade pública de conservar tartarugas.

Então o trabalho é facilitado.

Bellini: Claro, mas não é só maravilha, um mar de almirante. Ao contrário, a gente não passa por um momento em que tudo está absolutamente equilibrado. A conservação das tartarugas depende da conservação dos ecologistas, dos novos gestores. Essas pessoas são, assim, como kamikazes. Eu digo: “Ó, segura aí, te controla um pouco, te preserva, você que indica o caminho, você é o teu equilíbrio mental…” Porque, às vezes, é importante até sacrificar a tartaruga e preservar aquela pessoa que idealizou essas coisas.

O que é o comportamento kamikaze?

Bellini: É assim, muitas vezes, quando a gente está numa praia que passa por um processo de urbanização, a gente fica doido. Estressado, até. Quantas vezes a gente tirou chave de trator em beira de praia? No norte do Espírito Santo eu subia no trator e dizia “Tá embargado!”. E o cara começava a falar que o prefeito isso, que não sei o quê. Eu respondia: “Não quero saber!”, subia em cima do trator e pegava a chave. Isso é kamikaze. Quantas vezes o cara chegava lá com um revolver e dizia, “Ah é, galeguinho, você hein? Não tem medo de estar aqui na beira da praia sozinho, essa hora não?”

E não tinha?

Bellini: Quanto mais jovem, menos a gente tem medo do risco, né? A Zelinha (Zélia Brito, chefe da Reserva Biológica do Atol das Rocas) é um exemplo de quem insiste nesse comportamento. Eu ligo todo dia pra Zelinha. Ela dá o sangue pelo atol. No dia que a tirarem de lá corre um risco muito grande de ninguém tomar mais conta de Rocas. As pessoas nem sabem o que é aquilo lá.

E como é?

Bellini: Rocas não é um gramadinho onde as crianças vão correr ou é um bosquezinho que você cerca. É um negócio no meio do oceano onde para entrar e sair de lá você tem que saber manusear um barquinho inflável e entrar lá dentro. Esses tempos ela estava desesperada, tendo que pedir empréstimo para a mãe para pagar o rancho. Eu dou uns toques. Digo para ela rever tudo isso direitinho porque não é ela, pessoa física, que vai manter aquilo. É complicado, mas é uma paixão. Acho que mais me movimenta, e aí volto na sua pergunta, é que a gente vai, mas a obra fica. Amanhã eu não estou aí, mas tem lá uma coisa que a gente montou. O mais importante disso tudo é deixar algo para as próximas gerações. Se a gente pensar daqui mil anos, ninguém vai garantir, mas enquanto a gente tiver a conservação como cultura, vai dar certo.

Quais foram os maiores apertos que você passou por causa do seu trabalho?

Bellini: Eu nem diria que passei um grande perrengue por causa da conservação porque isso para a gente é um prazer, né? A gente montar as idéias, criar essas coisas, muitas vezes é estressante. Tem gente que pensa que só porque você mora em Noronha sua vida é um sonho. Mas não é assim. A gente tem responsabilidades. Por exemplo, agora estamos totalmente sem dinheiro. Acabamos de construir uma sede, estamos com patrocínios atrasados, quase perdi meu administrador. Mas pelo menos temos agora uma sede em Noronha. E é de primeiro mundo. Uma sede de continente no meio do oceano. Eu acho que a gente até exagerou na dose porque contrastou muito. A gente fez um negócio muito bacana no meio de um lugar que nem governo…
Como é a nova sede?

Bellini: Ela está muito bonitinha. Por exemplo, usamos uma telha industrial que tem zinco e alumínio com um sanduíche de poliuretano expandido, então tem isolamento térmico. É um troço um pouco caro, mas que no fim a gente colocou no papel e valeu a pena. Esse projeto desenvolveu um modelo construtivo para Noronha. As telhas foram dentro de contêineres que se transformaram na obra. A obra, aliás, foi planejada no continente, onde as coisas são fáceis, foi colocada num navio, a gente desembarcou e pronto. Não foi utilizado matéria-prima da ilha porque não tem. Toda nossa obra é sobre pilotis de eucalipto tratado e foram feitos umas sapatas que utilizam material reciclado, restos de navio, essas coisas. Toda madeira é de reflorestamento, não usamos madeira da Amazônia. A construção também não impermeabiliza o terreno, que é um dos maiores problemas da ilha. Quando isso acontece, a água da chuva arrasta o sedimento para o mar e entope o coral. Tudo tem uma ligação.

Vocês não se preocupam só com a tartaruga.

Bellini: A gente cumpre o nosso papel. Muitas vezes as pessoas não entendem tanto dinheiro para as tartarugas, por exemplo. Em palestras por aí, eu fiz uma frase: “Agradecemos a todas as pessoas que direta ou indiretamente ajudam o Tamar a cumprir com seu papel social”. A gente conserva a tartaruga porque isso é responsabilidade pública. Sou pago pra isso.

Já teve o caso de alguma tartaruga subir e derrubar a barraca de alguém?

Bellini: Já teve. Lá em Rocas isso acontece com freqüência. Você acorda com um monstro de 150 quilos derrubando a barraca. É difícil, mas a gente convive nesse mundo, que nos fascina muito. Para gente é rotina.

Você já deve estar acostumado.

Bellini: Sabe, eu até hoje me emociono com tartaruga. Eu adoro. Ás vezes gosto de ir sozinho. Digo: “Hoje vou tartarugar sozinho”. Quero ver minhas tartaruguinhas, andar naquelas praias. Eu andava que nem um louco. No campo a gente tem as histórias mais legais. Por exemplo, lá no Espírito Santo, eu andava 150 quilômetros por dia de jipe, sozinho, numa região que não tem nada, o Degredo.

Degredo?

Bellini: Tem uma área de praias que se chama Degredo. Eu trabalhava com um jipe que o Joca deu novinho para mim. Se não fosse esse jipe não daria para fazer nada. Em Comboios eu trabalhava ao sul da foz do Rio Doce. Lá a gente sabia que tinha tartaruga. Depois descobrimos que ao norte do rio havia mais desovas. O Tamar cresceu assim. Uma base aqui e sempre uma fronteira nova. Quando a gente ouvia histórias de comunidades comendo tartaruga do outro lado do rio, por exemplo, a gente verificava e fazia a expansão do projeto.

Como era o seu trabalho?

Bellini: Eu dormia de dia, acordava no final da tarde, ia de carro até a foz do rio, a uns sete quilômetros da base do Tamar, atravessava numa baiterazinha com um motorzinho – inclusive aprendi a mexer num motor de popa, que funcionava quando queria. Eu saía umas onze da noite, atravessava o rio Doce. Às vezes, o motor quebrava, e aí eu ficava com uma cana de leme remando. Depois de chegar do outro lado, pegava o jipe e percorria uns 70 quilômetros pela areia. Ia pegando as desovas. Na época, a gente tinha que transferir tudo. Colocava em caixinhas de isopor, meia hora por desova que encontrava. Depois atravessava o rio de volta, passava um rádio para alguém me pegar e ainda tinha que cavar aqueles 10, 12 ninhos. Cavava sozinho. Chegava lá para as sete, oito da manhã, de acordo com a maré. Aí dormia até me acordarem para almoçar aquela comida gordurosa e depois voltava a dormir até a noite chegar de novo. Fiz isso durante meses.

E era tranqüilo?

Bellini: Era muito engraçado. Uma vez eu levei minha irmã. Ela ficou apavorada. Ela dizia: “Eu não vou!”, porque tinha um lugar na praia que a maré estava grande, tinha que passar dunas, lagoas, tudo de jipe, rezando para ele atravessar. Uma outra vez eu descobri que roubaram uma desova. Já sabia que as tartarugas começavam a desovar no começo da noite, então eu passava, via a tartaruga e na volta planejava recolher os ovinhos. Mas levava duas horas e meia para ir, por causa da maré, e mais duas horas e meia pra voltar. E aí nesse tempo, passava um pescador e roubava.

O que você fazia nesses casos?

Bellini: Você vai pelo rastro. Fui parar numa casinha lá no meio daquela restinga. Cheguei lá pra ver se tinha casca e ia logo dizendo: “Eu vim aqui, sou do Projeto Tamar e roubaram uma desova”. Ia lá e perguntava: “Eu queria saber quem passou ali. É melhor dizer porque eu fiz o molde do pé, vou procurar se o pé aqui é igual e vou passar no detector de mentiras.” Era assim, eu me comportava que nem um maluco.

Mas você acabou achando?

Bellini: A gente chegou a prender o Manezinho, que era um pescador que trabalhava para gente. Era um pinguço. Ele está lá até hoje, impressionante. Trabalhou com a gente um tempo, mas matou uma tartaruga. A gente descobriu e depois voltei com o Toninho, um rapaz que foi meu estagiário e passou no concurso do Ibama, para pegar os caras. Aí pegamos o Manezinho. E eu joguei um verde: “Já tô sabendo, fulano me disse que o senhor matou a tartaruga. Foi você que matou?”. E aí ele dedurava: “Não fui eu, não fui eu, foi fulano!” Aí tinha aquelas histórias, do tipo: “Comi, mas não fui eu que matei.” Enfim, a gente descobriu e foi lá prender ele.

Como vocês prenderam ele?

Bellini: Nesse lugar não tem cadeia, não tem polícia. Tinha um xilindrozinho e quem cuidava era um aposentado da Marinha, um sargento da marinha, seu Ribamar. Eu dizia: “Seu Ribamar, nós vamos ter que ir lá prender o Iltinho e o Manzinho porque eles já disseram que mataram a tartaruga.” Mas ele não tinha autoridade e nem podia, né? Sempre falava que não ia fazer isso. Mas nós fomos lá e prendemos. Era engraçado, a gente falava: “Vamos embora, vocês estão presos.” Sem nada. Levamos os caras, o Ribamar abriu a celinha e foram todos presos. No outro dia, o julgamento. “Quem é a vitima?” “É a tartaruga!” “E qual é a prova?” Eu dizia: “É a cabeça da tartaruga, o juízo da tartaruga!” A gente deixava só de um dia para o outro, não removia para presídio. Mas a comunidade toda ria. Imagina, um lugar de mil habitantes. Ficava todo mundo em volta lá e esse Manezinho chorava, bebia, chorava. Dizia: “Mas, Cláudio, estou preso aqui, não faça isso comigo!” . Aí passava o fim de semana e liberava. No fim era assim, jogo de gato e cachorro. Essas coisas assim são muito divertidas.

Esse tipo de atitude ajudava a conscientizar sobre a importância da tartaruga?

Bellini: Sim, porque hoje essas comunidades vivem da tartaruga viva. Tem um monte de gente contratada pelo Tamar e tal. Mas não dá pra relaxar. Se o Tamar sair…

Tartaruga na panela?

Bellini: É, proteína, né? A ordem pública não funciona muito bem. Se não tiver no mínimo uma ordem instituída, não adianta. Isso vale para a cidade e também para a tartaruga. Pelo menos elas tão crescendo nos mares, já é uma grande coisa.

  • Marcos Sá Corrêa

    Jornalista e fotógrafo. Formou-se em História e escreve na revista Piauí e no jornal O Estado de S. Paulo. Foi editor de Veja...

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista de ((o))eco de 2005 a 2011. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN.

  • Carlos Secchin

    Carlos Secchin é engenheiro e fotógrafo, Carioca, vive no Cerrado onde se dedica a conservar uma pequena porção deste rico bi...

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