Salada Verde

Olho no passado para prevenir o futuro

Parque Nacional da Chapada Diamantina se prepara para nova temporada de seca um ano após incêndio que consumiu 55 mil hectares de seus domínios.

Salada Verde ·
3 de julho de 2009 · 16 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Quase um ano após o grande incêndio que atingiu 55 mil hectares de seus domínios (o equivalente a um terço do total) o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) começa a se prevenir para os riscos de mais uma temporada de secas. Por enquanto, apenas dois pequenos focos de calor foram detectados, mas eles se extinguiram sozinhos graças às baixas temperaturas e alta umidade características da região nos meses de junho e julho.

“O perigo começa, de verdade, em agosto. Mas hoje finalizamos a contratação de 42 brigadistas através do Instituto Chico Mendes, e eles começam os trabalhos em setembro, baseados em dois acampamentos. Os Equipamentos de Proteção Individual também já foram licitados e adquiridos e em breve devem chegar”, explica Christian Berlinck, chefe do parque. A notícia seria comum, mas ganha em importância quando os acontecimentos de 2008 são relembrados.

À época do maior desastre registrado na história da unidade de conservação, o PrevFogo demorou um mês para enviar a primeira equipe de combatentes. Enquanto isso, centenas de voluntários lutavam contra as chamas sem qualquer estrutura, rodízio, ou proteção individual. Os equipamentos chegaram apenas quando as chuvas detiveram o fogo. “Pelo menos eles servirão para este ano”, diz Berlinck.

Grande parte da vegetação queimada já está em fase de recuperação por se tratar de gramíneas. Questionado se o turismo foi afetado nos últimos meses em função do desastre, o chefe do parque não soube responder. A explicação é simples: ainda não há guaritas e sequer cobranças de entradas. Ou seja, não há regulação do número de pessoas que visitam a unidade a cada ano.

Existem, ao menos, perspectivas de que essa realidade poderá mudar em breve. Isso porque o parque, criado em 1985, viu o seu primeiro Plano de Manejo ser finalmente publicado no dia 6 de março, quase um ano e meio após sua aprovação – em dezembro de 2007. O próximo passo será fazer a regularização fundiária da unidade, que possui 40% de suas terras nas mãos de posseiros e donos de títulos legais de propriedades. “Já temos dinheiros para a indenização dos titulares graças a recursos provenientes de compensação ambiental. Os posseiros vamos resolver depois, porque eles não podem receber qualquer quantia em função da lei”, finaliza Berlinck.

Leia também

Análises
15 de dezembro de 2025

Passarinho… que som é esse? Uma história de como os pássaros cantam

Nem todas as aves cantam. Nem todos os passarinhos aprendem a cantar. O fantástico mundo sinfônico das aves e como os ruídos urbanos o impactam

Notícias
15 de dezembro de 2025

Gilmar Mendes derruba lei do Marco Temporal

Relator apresentou seu voto pela derrubada da lei que instituiu o mecanismo como critério para demarcação de terras indígenas; Flávio Dino acompanhou o voto

Reportagens
15 de dezembro de 2025

No isolamento da floresta, um canto poderoso revelou uma nova espécie

Na remota Serra do Divisor, a sururina-da-serra combina vocalização única, isolamento extremo e ameaças crescentes

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.