As dúvidas sobre os impactos da instalação de um parque eólico offshore (dentro do mar), nas comunidades de peixes do Mar do Norte, já tem respostas preliminares. O Instituto Nacional de Recursos Aquáticos da Dinamarca (DTU Acqua, na sigla original) divulgou um estudo que concluiu haver uma convivência harmoniosa entre as turbinas do parque em alto mar Horns Rev I e os peixes. Para algumas espécies, a população aumentou.
“A partir da exclusão de atividades de pesca de arrastão, dentro da área do parque, alguns benefícios ambientais foram mensurados, como a transformação do local em santuário para populações bentônicas [de águas profundas] e comunidades de peixes”, explica Simon Leonhard, um dos editores do relatório Os efeitos do parque eólico offshore Horns Rev I nas comunidades de peixes: acompanhamento de sete anos após a construção (do inglês, Effect of the Horns Rev 1 Offshore Wind Farm on Fish Communities. Follow-up Seven Years after Construction).
Esses parques ficam situados entre 14 e 20 km da costa, a uma profundidade menor que 20 metros. Essas áreas são consideradas berçário de espécies locais importantes, como a solha escura (Limanda limanda), badejo (Merlangius Merlangus) e enguias. A maior preocupação é que os parques eólicos inviabilizassem a sobrevivência desses estoques de peixe no local.
No entanto, durante os sete anos de acompanhamento, pesquisadores verificaram que o Horns Rev I não ameaçou a comunidade de enguias, por exemplo, destacada pela sua importância ao ecossistema do mar nórdico e por seu valor comercial na região. Não houve impacto negativo sobre o tamanho da população e notou-se um aumento no número de enguias jovens, provavelmente devido a proibição da pesca no local.
Contudo, sempre há impactos negativos ao ambiente, já que ele está sendo modificado. Leonhard destaca que “os arrecifes artificiais formados em áreas com fundo marinho arenoso podem funcionar como degraus para espécies invasoras. Além disso, os efeitos cumulativos de muitos parques eólicos offshore, próximos uns aos outros, poderiam afetar as populações de aves migratórias”.
Leia também
Chamar carvão de sustentável é má-fé absurda
A defesa do carvão como uma alternativa sustentável embaralha o debate público e desvia investimentos de soluções eficazes e provadas →
O comprometimento do jornalismo ambiental brasileiro
A intensificação da crise climática e a valorização da subjetividade no campo jornalístico ressaltam o posicionamento na cobertura ambiental →
COP3 de Escazú: Tratado socioambiental da América Latina é obra em construção
No aniversário de três anos do Acordo de Escazú, especialistas analisam status de sua implementação e desafios para proteger ativistas do meio ambiente →