Notícias

Greenpeace contesta estudo da IEA sobre energia

Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) é contestado pelo Greenpeace por subestimar o papel das fontes de energias renováveis.

Flávia Moraes ·
11 de novembro de 2011 · 12 anos atrás
Renováveis ainda ocupam um pequeno espaço nas projeções da IEA.
Renováveis ainda ocupam um pequeno espaço nas projeções da IEA.
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) publicou o relatório de 2011 esta semana, intitulado originalmente como World Energy Outlook, o qual foi contestado pelo Greenpeace em seguida. Entre as principais críticas está o fato de a publicação ter subestimado o papel das energias renováveis num futuro próximo (2035) e superestimado a importância da energia nuclear.

Sven Teske, especialista sênior em energia do Greenpeace Internacional, acredita que fatores políticos estiveram à frente do estudo da IEA. “Eles estão colocando a política na frente da ciência. Indicaram previsões irreais de crescimento da energia nuclear e cenários drásticos de aumento dos custos e das emissões de gases de efeito estufa por outras fontes de energia, caso a nuclear acabe”, afirmou.

Ele critica também os valores estimados para um dos cenários previstos pelo IEA. Nele, a nuclear aumentaria de 398 GW (gigawatt), em 2009, para 640 GW, em 2035, o que representaria a ativação de uma usina nuclear a cada seis semanas até lá. No entanto, Teske lembra que o uso de energia nuclear vem diminuindo anualmente, acelerado pelo acidente em Fukushima, no Japão.

Outro ponto criticado pelo documento de resposta é o uso do carvão. As projeções da IEA preveem que o carvão seguirá sendo a segunda fonte de combustível global e a espinha dorsal da geração de eletricidade. O Greenpeace destaque que esses cenários mostram um futuro preocupante tanto para o clima quanto para o desenvolvimento das fontes renováveis. “Nós precisamos estimular o fim do uso do carvão em todos os países, principalmente na China e na Índia, para evitar a severa mudança climática. É preciso lembrar que, ao contrário do que foi publicado pela Agência, o carvão não é a fonte de mais fácil acesso para os países em desenvolvimento crescerem, mas sim as renováveis e seu custo-benefício”, contesta o especialista.

A produção de energia de forma centralizada é outra questão que o Greenpeace aponta. Isso porque a IEA segue focando seu estudo nesse tipo de geração e negligencia o poder de geração descentralizada das renováveis.

Entretanto, há um ponto com o qual as duas instituições concordam: é preciso diminuir o subsídio para os combustíveis fósseis e realocar essa verba nas fontes limpas. Teske conclui que “subsidiar os combustíveis fósseis é como subsidiar as mudanças do clima. Os U$ 400 bilhões aplicados nessa área, em 2010, seriam suficientes para investir em renováveis e ter capacidade de energia suficiente para atender a demanda de todos os países da África”.

Os cenários previstos pelo Greenpeace são mais otimistas do que os da IEA, como mostram os gráficos acima. Fonte Greenpeace Energy [R]evolution.


  • Flávia Moraes

    Jornalista, geógrafa e pesquisadora especializada em climatologia.

Leia também

Notícias
2 de maio de 2024

Chuvas no RS – Mudanças climáticas acentuam eventos extremos no sul do país

Cheias batem recordes históricos e Rio Grande do Sul entra em estado de calamidade. Mais de 140 municípios foram atingidos e barragem se rompeu na serra

Notícias
2 de maio de 2024

Estudo sobre impacto das alterações no clima em aves pode ajudar espécies na crise atual

Alterações climáticas reduziram diversidade genética de pássaros na Amazônia nos últimos 400 mil anos, mas algumas espécies apresentaram resistência à mudança

Reportagens
2 de maio de 2024

Sem manejo adequado, Cerrado se descaracteriza e área fica menos resiliente às mudanças no clima

Estudo conduzido ao longo de 14 anos mostra que a transformação da vegetação típica da savana em ‘cerradão’ – uma formação florestal pobre em biodiversidade – ocorre de forma rápida; mata fica menos resistente a secas e queimadas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.