Para a gestão das embalagens e resíduos, a solução foi importada de Portugal. É de lá a Sociedade Ponto Verde, organização sem fins lucrativos, criadora do Selo 100R. Essa certificação estabelecerá o destino dos resíduos sólidos, passando pelo cuidado com a redução, reutilização e reciclagem.
Foi firmada uma parceria com a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) e a Cooperativa Barracoop. A organização do festival treinará os funcionários encarregados do processo. Entre as principais etapas estão a separação de todos os resíduos em sacos diferenciados e o acompanhamento da montagem e desmontagem dos palcos e instalação, incluindo o lixo da Área VIP. A Comlurb será responsável pela limpeza constante e também pela fiscalização dos destinos finais (reciclagem, compostagem ou aterros sanitários). Já a renda gerada pela reciclagem será revertida para a Barracoop.
“Sempre tivemos uma preocupação social importante com o Rock in Rio, mas a partir de 2006 começamos a ser impactados pela questão ambiental. Até hoje já investimos 11 milhões de reais em diversos lugares do mundo, como uma floresta em Portugal com mais de 40 mil árvores e uma escola na Tanzânia. Agora, vimos que a experiência do 100R deu muito certo em Portugal e decidimos trazê-lo para a edição carioca. A expectativa é a de que o selo, a partir de outubro, já esteja em vigor no Brasil e possa ser utilizado em outras ocasiões”, afirmou Roberta Medina, presidente da empresa que organiza o festival.
Mas é preciso que dê certo. Afinal, estima-se que o espetáculo produzido por bandas do mundo inteiro levará a emissão de oito mil de toneladas de carbono para a atmosfera. Uma medida foi não ter estacionamento para veículos particulares no local dos shows. O público deverá usar o serviço de ônibus, disponibilizado pela organização, que partirá de diferentes pontos da cidade, ao custo de 30 reais.
Os meios para compensar o lançamento de gases de efeito estufa já foram decididos. O Rock in Rio vai comprar créditos de carbono da Sustainable Carbon, empresa especialista em substituição de combustível para indústrias. Eles serão obtidos através da troca de combustível fóssil usado em duas fábricas no Rio de Janeiro (Cerâmica Sul América, em Itaboraí, e Cerâmica GGP, em Três Rios) por biomassa renovável oriunda de resíduos de serragem, cavaco e madeiras de outras firmas. Ao todo, os recursos investidos nesse projeto devem girar em torno de 100 mil reais.
Parte do dinheiro obtido através da venda destes créditos será investida nas comunidades do entorno das cerâmicas, sob o monitoramento do padrão SOCIALCARBON, desenvolvido pelo Instituto Ecológica, de Palmas (TO). Esta certificação tem base em metodologia que mapeia o projeto de carbono de tempos em tempos, sempre com base em seis aspectos que regem a sustentabilidade: social, humano, financeiro, natural, tecnologia e carbono. Trata-se de algo desenvolvido especialmente para os países em desenvolvimento.
Que esse plano funcione e se abram as cortinas. É hora do show.
Leia também

Entrando no Clima #55 – O engajamento da sociedade civil como legado da COP30
Joaquim Belo, enviado especial da sociedade civil amazônica para a Cúpula de Belém, conta como as populações extrativistas estão se preparando e o que esperam do evento →

Encontro mobiliza povos indígenas e comunidades tradicionais do Cerrado em Brasília
Na COP30, rede de organizações quer visibilizar a contribuição de indígenas, quilombolas e outros como agentes de conservação e de resistência →

Governo libera R$ 12 bilhões em crédito para produtores afetados por eventos climáticos
Iniciativa busca aliviar impactos da seca e de desastres climáticos sobre a produção agrícola. Agro responde por 28% das emissões do país →