Notícias

A repercussão do ‘sim’ ao relatório de Aldo Rebelo

Ambientalistas e pesquisadores comentam a ((o))eco suas impressões sobre a sessão desta terça-feira na Câmara dos Deputados.

25 de maio de 2011 · 13 anos atrás
((o))eco consultou especialistas de organizações não governamentais e pesquisadores de institutos independentes para repercutir a votação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP) na noite desta terça (24) na Câmara dos Deputados. Veja as respostas abaixo.

Para ler a cobertura completa da votação do Código Florestal, clique aqui.

Adalberto Veríssimo, pesquisador e fundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON)

“A votação do código confirmou as nossas piores previsões. Terá que ser modificada no Senado e ainda assim será necessário esperar os prometidos vetos da presidente Dilma a itens como anistia aos desmatadores ilegais. No curto prazo essa aprovação vai continuar pressionando pela alta do desmatamento em especial no Mato Grosso, Rondônia e partes do Amazonas e Pará. É um grande retrocesso com consequências não só para o meio ambiente mas também para a nossa imagem internacional e para o comércio externo do Brasil.”

Adriana Ramos, coordenadora de Política e Direitos do Instituto Socioambiental

“O que mais impressionou foi ver a baixa qualidade do debate, permeado por mentiras, desinformação e por um profundo desconhecimento sobre o que realmente estava sendo votado. O texto reflete um total descompromisso com a política florestal. Os principais instrumentos do Código Florestal, a APP e a Reserva Legal, foram totalmente descaracterizados. É fundamental que o Senado refaça o debate e apresente uma proposta de Código que seja realmente florestal.”

Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM)

“Surdez! Este foi o mal que acometeu o Congresso. As vozes ecoadas pela sociedade organizada, pelos movimentos sociais, pelos pequenos agricultores, pelos cientistas mais renomados deste país, por ex-ministros de meio ambiente, por parte do setor privado e pela sociedade em geral não foram sequer consideradas. Pelo contrário, foram sim desprezadas e ridicularizadas. Os inúmeros pedidos para que mais tempo fosse dado a matéria não sensibilizaram a maioria dos parlamentares. Pior, um texto ainda mais nocivo foi aprovado. Tudo em nome de uma mudança na legislação ambiental que, em boa medida, baseia-se numa premissa completamente falsa: a necessidade garantir a produção de alimentos. No Congresso, infelizmente, o governo plantou omissão e colheu derrota. O PT, que tradicionalmente vinha defendendo nossas florestas, teve que pagar o custo da aliança com o PMDB. Ainda temos o debate no Senado e por fim os vetos prometidos pela Presidente. Que a surdez não se transforme em cegueira completa.”

Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra – Amazônia Brasileira

“Apesar de ciente do absurdo no conteúdo, não nego um certo alívio: vamos sair finalmente desta sinuca de bico do relatório de Aldo Rebelo e, espero, poder começar no Senado um debate sério, informado e no interesse do país. Não só para evitar retrocessos em termos de conservação, mas também e principalmente para pautar os avanços necessários, em termos de restauração e uso das florestas. O auspício é que o vexame gerado pelo voto na Câmara crie as necessárias condições de transparência e responsabilidade perante a opinião pública”.

{iarelatednews articleid=”25058, 24975, 25057, 24147, 25051″}

Leia também

Salada Verde
17 de maio de 2024

Avistar celebra os 50 anos da observação de aves no Brasil

17º Encontro Brasileiro de Observação de aves acontece este final de semana na capital paulista com rica programação para todos os públicos

Reportagens
17 de maio de 2024

Tragédia sulista é também ecológica

A enxurrada tragou imóveis, equipamentos e estradas em áreas protegidas e ampliou risco de animais e plantas serem extintos

Notícias
17 de maio de 2024

Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial

Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.