Notícias

“Atlas Mangues do Mundo” revela ecossistemas em risco.

Primeira avaliação global dos manguezais em dez anos mostra que taxa de devastação é 3% a 4% maior do que em ecossistemas terrestres. Veja mapas.

Laura Alves ·
16 de julho de 2010 · 14 anos atrás
Mangues na maré alta . (foto: Shigeyuki Baba)
Mangues na maré alta . (foto: Shigeyuki Baba)
Mangues

Os mangues são ecossistemas de transição, ocupando zonas de continente e zonas marinhas. Transitam também entre águas doce e salobras, constituindo um sistema complexo e único de condições ambientais à vida. Conhecidos como berçários marinhos, estão entre os principais ecossistemas interditais, habitats para uma diversidade de espécies de rios e espécies marinhas. Os mangues são também reconhecidos como um cinturão verde e um escoador de carbono que protege zonas costeira de desastres naturais como tsunamis, ciclones e erosão, resultantes do aumento do nível do mar. Reconhece-se que há um estoque considerável de carbono orgânico nos solos dos mangues, o que significa que eles possuem papel importante no processo de mitigação das mudanças climáticas. Estimativas indicam que a biomassa terrestres dos ecossistemas de mangue do mundo podem conter 3700 toneladas de carbono, e que o sequestro de carbono realizado pelo sedimentos dos solos pode chegar a uma taxa de 14-17 toneladas de carbono por ano. Porém, naturalmente os mangues contribuem com meios de subisistência local e globalmente, fornecendo recursos como produtos madeireiros e não madeireiros, alimento, abrigo e manutenção dos serviços ecológicos de ecossistemas costeiros e marinhos.

De acordo com a FAO (Organização de Agricultura e Alimentos da ONU), a destruição dos mangues foi de 35,600 km quadrados entre 1980 e 2005. Embora não existam estimativas exatas de qual era a extensão da cobertura original dos mangues, existe um consenso global de que essa seria superior à 200 mil km quadrados e que mais de 50 mil disto, ou o equivalente a um quarto da cobertura original, foi perdida como resultado de intervenção humana.

O Atlas nos mostra que a área global dos mangues é de 150 000 km quadrados – o que é equivalente à metade do território das Filipinas – distruibuídos em 123 países de regiões tropicais e sub tropicais. Ele  descreve que as maiores causas para desmatamento dos mangues é sua conversão direta para usos de terra e usos urbanos, como a agricultura, pois zonas costeiras são, geralmente, densamente povoadas e há intensa disputa por terra. Nos remanescentes de mangue, frequentemente ocorre degradação por exploração acentuada dos recursos. A destruição dos mangues é geralmente atribuída por decisões locais, forças do mercado, demanda industrial, expansão populacional ou pela pobreza. Entretanto, em muitos países, o destino dos mangues também é determinado por decisões políticas.

Embora essa perda já esteja diminuindo por esforços conservacionista e de restauração de alguns países, os autores do estudo alertam que a perpetuação de qualquer tipo de destruição exagerada, seja pela carcinocultura ou pelo desenvolvimento urbano de áreas costeiras, causará impactos ecológicos e econômicos consideráveis. Alguns exemplos de iniciativas conservacionistas incluem novos mangues plantados por meio do incentivo de atividades de limpeza e remoção da poluição por países que possuem as maiores áreas de mangue do planeta, como Australia 7%, Brasil 9% e Indonesia com 21%.

 Dr Mark Spalding, membro da divisão de Estratégias para a conservação da “The Nature Conservancy – organização que trabalha para proteger e restaurar áreas de mangue em 30 países- e um dos principais autores responsáveis pelo Atlas, coloca que “Florestas de mangue são a ilustração maxima do porquê o ser humano precisa da natureza. O livro nos detalha, em muitas partes, a extraordinária sinergia existente entre as pessoas e a floresta. As árvores provém madeira resistente e produz um dos melhores carvões do mundo. As águas abrigam uma das maiores produtividades de peixe e ostras entre as águas marinhas. Além disso, os mangues ajudam a previr a erosão e mitigar os estragos causados por ciclones e tsnunamis, são as melhores defesas costeiras naturais, cuja importância aumentará quando o aumento do nível do mar se tornar uma realidade global”

O livro inclui um novo mapa sobre as florestas de mangue do mundo.  Veja aqui em detalhes a distribuição dos mangues

Mapa global de mangues produzido pelo Atlas (fonte:Spalding et al) Clique para ampliar e veja detalhes nos números abaixo
Mapa global de mangues produzido pelo Atlas (fonte:Spalding et al) Clique para ampliar e veja detalhes nos números abaixo

1

2

3

4

Leia também

Salada Verde
19 de abril de 2024

Lagoa Misteriosa vira RPPN em Mato Grosso do Sul

ICMBio oficializou a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Lagoa Misteriosa, destino turístico em Jardim, Mato Grosso do Sul

Salada Verde
19 de abril de 2024

Museu da UFMT lança cartilha sobre aves em português e em xavante

A cartilha Aves do MuHna, do Museu de História Natural do Araguaia, retrata 10 aves de importância cultural para os xavante; lançamento foi em escola de Barra do Garças (MT)

Salada Verde
19 de abril de 2024

ICMBio abre consulta pública para criação de refúgio para sauim-de-coleira

Criação da unidade de conservação próxima a Manaus é considerada fundamental para assegurar o futuro da espécie, que vive apenas numa pequena porção do Amazonas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Janice Gomes diz:

    Boa noite. Sou pesquisadora de manguezais e gostaria de saber se há alguma possibilidade de acesso a esse ATLAS MANGUES DO MUNDO ??