![Imagem do rio Itajaí (Itaiópolis, SC), em 2007](/wp-content/uploads/oeco-migration/images/stories/fotos/germano_salvar_mata_mapa.jpg)
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Fui embora de Itaiópolis para estudar e fiquei muitos anos sem visitar aquele paraíso, isto é, o rio Itajaí e as matas preservadas dos morros e vales. Quando comprei meu primeiro carro, resultado de meu trabalho como pesquisador, a primeira viagem foi rever aquela paisagem. Para minha surpresa – e felicidade -, ainda não tinham conseguido acabar com tudo. Mas a água do rio Itajaí estava bastante turva.
Comecei a freqüentar a região com freqüência e ver que a destruição estava intensa, que continuava um lugar sem lei. Então, comecei a enviar denúncias insistentes para o IBAMA. E, finalmente, depois de tantos anos, pela primeira vez, a fiscalização do IBAMA-SC colocou os pés nesta região do alto vale do rio Itajaí. E os primeiros devastadores começaram a ser punidos. Isso foi em 2004.
A Elza sempre me acompanhava nestas aventuras. Ela gostava muito de praia e eu consegui convencê-la que as lajes do rio Itajaí era o melhor lugar do mundo para tomar sol. Então, ela não fazia objeção em trocar a praia pelas lajes do rio Itajaí. Numa dessas excursões, ficamos na casa dos pais de uma amiga, na localidade Barra da Prata.
Nesta localidade, fomos explorar as margens do Itajaí e encontramos uma armadilha para capturar lambaris numa pequena queda do rio Itajaí. Alguém tinha abatido recentemente duas árvores bem altas e grossas, de tronco reto (repletos de orquídeas, bromélias e outras epífitas) que ficaram atravessados sobre as rochas expostas no leito do rio, servindo de suporte para uma tela de aço de malha bem fina, com vários metros de comprimento. Funcionava como gigantesca peneira, que filtrava quase todo o volume de água do rio Itajaí, capturando todos os lambaris e outros peixes, grandes e pequenos que transitassem por aquele trecho do rio.
Aplicando uma força do além, com ajuda da alavanca improvisada, eu consegui rolar os troncos que estavam apoiados sobre as rochas, e toda aquela engenhoca foi arrastada pela corredeira rio abaixo, para fundo do poço. E, pronto! Missão cumprida. Desfeita mais uma sacanagem contra o rio Itajaí, contra a natureza. A operação durou umas duas horas.
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