Normalmente trabalhando mais próximo ao litoral, para mim foi uma descoberta poder conhecer a Reserva Mamirauá, tanto pela sua particularidade de ecossistemas e biodiversidade quanto pelo sua bem-sucedida experiência de conservação ambiental no Brasil. Em nossa expedição pelo rio Solimões, pudemos nos deparar com diferentes paisagens, ecossistemas e comunidades.
Depois de realizar um trabalho de documentação na Terra Indígena do Vale do Javari, eu e meu irmão, Bruno Marone, zarpamos de Tabatinga, na tríplice fronteira onde o Brasil faz divisa com Colômbia e Peru, em direção ao médio Solimões. Foram três dias e duas noites no barco Recreio até chegar em Alvarães. De lá, seguimos até Tefé, a porta de entrada para a reserva.
Recebidos pelo pessoal do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, fomos para a pousada flutuante Uacari. Aqui, o bem estruturado ecoturismo oferece um inesquecível contato do visitante com a floresta, seus animais e habitantes.
Criada como Estação Ecológica em 1990, Mamirauá foi transformada numa inédita categoria de unidade de conservação em 1996: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Mamirauá tornou-se então uma referência exitosa do manejo sustentado dos recursos naturais com ampla participação das comunidades locais.
Região regida pelo ciclo das águas, a várzea muda completamente durante as estações seca (julho a outubro) e chuvosa (dezembro a março), já que a variação do nível de água pode atingir até 12 metros de altura. Esta inundação anual é um fator decisivo para a formação do ecossistema da várzea e da necessidade de adaptação da fauna e flora locais para sobreviver. Vir a conhecer outras situações da floresta alagada é mais um motivo para querer voltar a Mamirauá.
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