Os momentos acima retratam o que mais buscava durante a expedição ao Pantanal: encontrar uma onça-pintada (Panthera onca) na natureza. Sempre soube que é muito difícil topar com uma delas, mas estava cheio de disposição.
Sair para uma viagem dessas necessita de muita preparação: equipamento fotográfico; mapas; guias; roteiros; e, nesse caso, boa dose de sorte. E ela começou logo em Poconé (MT), onde embarquei em um monomotor para chegar ao meu destino, um rancho bem no meio do Pantanal. Era época da cheia e a região próxima ao Rio Cuiabá e ao Parque Estadual Encontro das Águas transbordava. Isso facilitava a procura pelas pintadas, já que os únicos pedaços de terra seca eram as margens dos rios.
Foram dez dias de longas esperas e procuras debaixo de um sol arrebatador e frente a muitas outras cenas interessantes. A fauna pantaneira é exuberante – macacos, jacarés, aves em meio a um oceano de água doce. Nesse período, foram consumidos cerca de 500 litros de gasolina, navegando atrás do maior felino das Américas. No total, encontrei oito onças diferentes, quatro delas em boas poses e condições para fotografia. Mas, como sempre, alguns episódios são especiais.
O barco seguia pelo rio com nossos olhos sempre cravados nas margens, procurando, até que duas onças são avistadas em cima de uma árvore. O guia, que já fora caçador de onças, avisa que dei sorte: as onças estão cansadas e acabaram de subir na árvore, estão molhadas. Diz que, provavelmente, se alimentaram de um jacaré e agora querem descansar. Nos aproximamos até a margem, encostando na àrvore, onde consegui ver que era uma mãe e um grande filhote. Ambos estavam molhados e com alguns machucados, provavelmente vestígios da luta com o jacaré. Não se mostraram preocupados com o barco, queriam apenas dormir.
Meu corpo todo congelou diante de tão grande felino. A única coisa que não parou foi o dedo, que disparava fotos sem parar. Foram 40 minutos intensos, mas que passaram rápido demais. Após o encontro com as onças, a satisfação era grande. Logo senti que estava satisfeito com a viagem e imaginei que, por aquele resto de dia, não fotografaria mais. Puro engano! Após mais uma curva de rio, avistei algumas aves. Dedos e olhos novamente a postos…
Leia também
Parque Nacional da Lagoa do Peixe completa 39 anos com futuro incerto
Lar de mais de 270 espécies de aves, unidade de conservação tem conseguido maior envolvimento da comunidade local, mas sofre com degradação ambiental →
Lula pede fim do desmatamento e do uso de combustíveis fósseis na abertura da Cúpula
ONGs esperam que a conferência transforme discursos em ações para conter danos ambientais e socioeconômicos →
Water crisis in the Amazonas State: when decades of neglect meet a climate emergency
In the world’s largest river basin, millions live with empty taps or unsafe water. →






