Notícias

Rally “ecológico” não vê plano de manejo

Rally “ecológico” não pede aval técnico para atravessar 56 quilômetros no Parque Estadual do Araguaia. Área é o maior fragmento sob proteção integral administrado pelo estado de Mato Grosso.

Redação ((o))eco ·
24 de agosto de 2009 · 16 anos atrás

Começa no dia 3 de setembro entre Mato Grosso e Goiás o “Rally Ecológico Berohokã-Ilha do Bananal”, que vai percorrer cerca de 1.400 quilômetros na região do rio Araguaia. A competição, de regularidade, tem ecológico no nome e seus organizadores garantem que estão respeitando todas as regras ambientais no trajeto. Só que esqueceram de protocolar na coordenadoria de unidades de conservação de Mato Grosso o pedido para atravessar o Parque Estadual do Araguaia, a maior unidade de conservação de proteção integral do estado, com 230 mil hectares e um plano de manejo publicado em dezembro de 2008 que menciona textualmente que competições esportivas como ralis e motocross, por exemplo, estão proibidas por causarem danos à unidade.

Segundo Alexandre Batistella, coordenador de unidades de conservação da Secretaria do Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA), a área é extremamente frágil e importante em termos de biodiversidade, pois abriga boa parte do chamado Pantanal do Araguaia. “Ninguém apresentou nada até agora. Há dois meses os empreendedores nos procuraram e eu expliquei que eles precisavam fazer um projeto detalhado para nossa análise técnica, mas tudo que eles trouxeram foi o folder do convite da competição na sexta-feira passada”, explicou Batistella. A coordenadoria de unidades de conservação é a instância responsável pelas áreas protegidas do estado.

No entanto, Nuncyo D’Ery, da assessoria de comunicação do evento, afirma que a competição teve aval da SEMA. Junto com a secretaria de turismo do estado, o secretário de meio ambiente participou de reuniões com os organizadores. “O rali vai passar por 20 quilômetros dentro do parque e haverá uma equipe da própria SEMA na entrada para acompanhar os carros”, disse D’Ery a O Eco. A coordenadoria de unidades de conservação assegura que os empreendedores passarão por 56 quilômetros dentro do parque estadual numa estrada que fica intrafegável durante o período de cheia e que separa, numa margem, as áreas de uso intensivo das de uso intangível da unidade.

O governo de Mato Grosso é oficialmente um dos principais apoiadores do evento. O estado arrumou recursos para disponibilizar inclusive helicópteros para acompanhar a competição, mas não faz o mesmo para implantar o parque, que hoje conta com um gerente, um agente ambiental e três funcionários cedidos pela prefeitura municipal de Novo Santo Antônio. Aliás, é graças a um termo de parceria com a prefeitura que a administração do parque pôde encomendar cerca de 50 placas para sinalizar a unidade de conservação.

Embora a competição mencione em seu nome a Ilha do Bananal, os organizadores disseram que os carros não passarão pela área, cuja estrada principal atravessa uma terra indígena.

Leia também

Reportagens
14 de maio de 2025

Ao menos 6 milhões de cabeças de gado no Pará estão irregulares entre indiretos

Números são do 2º ciclo unificado de auditorias do MPF. Transparência aumentou entre frigoríficos instalados na Amazônia, mas ainda existem gargalos

Notícias
14 de maio de 2025

Cientistas descobrem espécie de peixe que vive solitária na Amazônia

População de peixe-anual foi encontrada numa única poça temporária próxima do Rio Madeira, no estado do Amazonas e pode estar sob grave risco de extinção

Salada Verde
14 de maio de 2025

Evento no RJ discute protagonismo da juventude no enfrentamento da crise climática

IV Fórum Terra 2030 reúne jovens lideranças, especialistas e organizações para debater soluções sustentáveis e colaborativas no contexto da Agenda 2030

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.