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Operação incompleta em Bom Futuro

Governo investe pesado na retirada de gado da Floresta Nacional do Bom Futuro, em Rondônia. Mas cede ao deixar 3,5 mil moradores irregulares dentro da área protegida.

Salada Verde ·
20 de maio de 2009 · 16 anos atrás
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Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) participou ontem, em Porto Velho (RO), da retirada de gado da  Floresta Nacional (Flona) do Bom Futuro. A megaoperação, deflagrada há duas semanas, envolve 187 agentes do Ibama, Instituto Chico Mendes (ICMBio), Incra e Exército. Ponto para ele. No entanto, os 3,5 mil moradores irregulares da flona devem continuar por lá. Segundo informe oficial, a ação “visa manter quem está na região, mas proibindo-se o ingresso de qualquer novo ocupante, obrigando a retirada das 35 mil cabeças de gado ilegal e proibindo qualquer desmatamento”.

Há poucos dias, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) afirmou que a saída daquelas populações seria negociada. Ainda conforme o órgão, agora haverá fiscalização constante em dez acessos à flona e serão construídas guaritas em estradas regionais, para evitar a entrada de mais pessoas. Também prometeu levar atividades econômicas aquelas famílias, acostumadas a criar gado e desmatar.

Segundo Ivaneide Pereira Cardozo, coordenadora do Instituto Kanindé, que trabalha pela defesa do meio ambiente e de povos indígenas de Rondônia, a ação governista está “fadada a dar errado”. Para ela, será praticamente impossível fiscalizar todos os limites da unidade. “Ao permitir que as pessoas fiquem dentro da flona, o MMA está dando uma declaração de que invadir unidades de conservação é lucrativo. Minc, como ministro, deveria ser o primeiro a exigir o cumprimento da lei. É um descalabro que isso tenha acontecido”, disse.

Além disso, Ivaneide acredita que o governo não conseguirá convencer os pecuaristas que estão dentro da unidade a retirar seu gado e migrar para atividades sustentáveis tão facilmente. “As pessoas que estão lá, quando entraram, sabiam que era ilegal. E se não sabiam na hora da ocupação, ficaram sabendo depois”, argumenta.

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