De alguns anos para cá, toda vez que metrópoles se defrontaram com o problema do trânsito e da poluição, suas prefeituras apresentaram planos para incentivar e expandir o uso de bicicletas como solução. São Francisco, no Norte da Califórnia, seguiu essa trilha em 2005, com um programa radical de expansão de ciclovias. Rob Anderson, um desempregado de 65 anos que não usa carros e se desloca principalmente à pé, frequentou as audiências públicas sobre o projeto argumentando que ele deveria ser alvo de um estudo de impacto ambiental. Seu raciocínio, segundo reportagem publicada no The Wall Street Journal, era simples. Não há provas que a expansão de ciclovias diminui o número de carros em ruas urbanas. Portanto, expandí-las, ao invés de reduzir, pode aumentar a poluição, diminuindo o espaço para veículos motorizados e, consequentemente, produzindo mais engarrafamentos. As autoridades municipais não lhe deram ouvidos. Mas um juiz o escutou e em 2006, determinou que a cidade só leve adiante os seus planos depois de produzir um relatório de impacto ambiental. São Francisco, desde então, não construiu sequer um quilômetro de ciclovias.
Leia também

Alto custo é principal barreira para visitação de parques
De acordo com estudo, alto custo da viagem, distância e falta de informações disponíveis são os principais obstáculos para visitação de parques naturais →

Presidenciáveis recebem plano para reverter boiadas ambientais de Bolsonaro
Estratégia ‘Brasil 2045’ propõe medidas para reconstruir política ambiental brasileira e fazer país retomar posição de liderança global em meio ambiente →

O dilema de Koniam-Bebê
Ocupação indígena no Parque Estadual Cunhambebe realimenta falsa dicotomia entre unidades de conservação e territórios indígenas →
Brilhante análise, Beto. Parabéns e obrigado por ela.