Copenhague – O secretário da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), Yvo de Boer, afirmou neste domingo, a poucas horas da abertura da 15a Conferência das Partes que as negociações em Copenhague devem ser bem sucedidas. Segundo ele, nunca, em 17 anos de negociações climáticas, tantas nações apresentaram propostas tão firmes para a redução de emissões. As negociações entre os 192 países membros da Convenção começam nesta segunda na Dinamarca.
“Embora existam outros passos para garantir uma ação por nosso futuro climático, Copenhague já representa um ponto de virada na resposta internacional às mudanças climáticas”, disse De Boer durante a primeira coletiva de imprensa do encontro. Há cerca de três meses, o mesmo De Boer causou polêmica ao afirmar em entrevista ao “New York Times” que não havia mais tempo hábil para um acordo ambicioso em Copenhague.
Mas agora, segundo o secretário da UNFCCC, o que precisa ser decidido na Dinamarca para tornar as metas anunciadas efetivas é um aparato legal que permita uma ação imediata dos países. Isso, trocando em miúdos, significa dinheiro. Um dos maiores desafios da COP 15 será definir um pacote financeiro que permita a países desenvolvidos investirem em nações emergentes, tanto para compensar emissões, através do mercado de carbono, quanto para ajudar na redução efetiva, através de ações como corte de desmatamento e transferência de tecnologia.
Um dos principais propostas do secretariado da Convenção é a aprovação em Copenhague de um fundo de emergência com aproximadamente US$ 10 bilhões. Isso permitiria que países em desenvolvimento, como Brasil. China e outros, começassem a implementar imediatamente seus planos de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Não seria preciso, portanto, esperar até 2012, quando termina o primeiro período do Protocolo de Kyoto, para começar a agir. O presidente americano, Barack Obama, afirmou que os Estados Unidos estão prontos para financiar o fundo “fast track” como tem sido chamado o mecanismo financeiro de emergência.
Já a não-governamental Oxfan calculou que o “preço” do sucesso em Copenhague serão US$ 200 bilhões por ano. Segundo o conselheiro-senior da ONG, Antonio Hill “um compromisso financeiro dos países ricos poderia gerar uma reação em cadeia que facilitaria propostas mais ambiciosas de redução de emissões e ainda ajudaria os países mais pobres a adaptarem-se às mudanças climáticas.”
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Multimídia
Vídeo da coletiva de imprensa de Yvo de Boer (em inglês)
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