Ontem (26), durante seu programa semanal Café com o Presidente, Lula voltou a defender a Usina Hidrelétrica de Belo Monte utilizando o argumento de que a energia hídrica é a mais barata para o Brasil e que a alternativa a ela seria única e exclusivamente a termoelétrica. Disse o presidente: “Nós temos um potencial hídrico de 260 mil MW, ou seja, se o Brasil deixar de produzir isso para começar a utilizar termoelétrica a óleo diesel será um movimento insano contra toda a luta que nós estamos fazendo no mundo pela questão climática”.
Se o excelentíssimo estivesse realmente preocupado com a questão climática, ele levaria em consideração as outras formas de geração de energia, já amplamente utilizadas em outros países, mas desmerecidas por aqui. Atualmente, a energia hídrica realmente tem um custo por MW/h maior que a eólica e solar, por exemplo. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, o MW/h da energia eólica fica em torno de R$ 150 e o de energia solar cerca de R$ 200. Mas os valores são altos porque o governo não investiu nas indústrias do setor quando deveria, segundo a Associação Brasileira de Energia Renováveis e Meio Ambiente (Abeama).
A energia solar, considerada uma das mais promissoras internacionalmente, é exemplo. Desde 1976 o Brasil estuda um plano para o desenvolvimento das indústrias do setor com objetivo de alavancar o uso deste tipo de energia, mas ele nunca saiu do papel. Contraditoriamente, continuamos a ser exportadores de silício, principal matéria prima das placas solares. “Estamos perdendo o bonde da história em relação à energia solar. Há 30 anos perdemos tempo, mas continuamos exportando silício”, diz Ruberval Baldini, presidente da Abeama.
Segundo ele, somente a aplicação de políticas de incentivo à indústria das energias renováveis – que não hídrica – e sistemas de financiamento aos consumidores vão conseguir diminuir o custo de geração. Partindo do princípio de que quanto mais se adia a adoção de medidas nesta direção, mais caras elas ficarão, para Baldini, mesmo se a energia solar ou eólica é a menos em conta hoje, no futuro valerá ter investido nelas. “Nenhum cálculo vai me convencer que tem que fazer Belo Monte em detrimento de outras energias”, diz. (Cristiane Prizibisczki)
.
Leia também
Reportagem sobre compostagem é a grande vencedora do Prêmio Sebrae de Jornalismo 2025
Matéria de Elizabeth Oliveira, em ((o))eco, ganhou a categoria nacional texto. Premiação ocorreu em cerimônia realizada nesta quinta-feira (4) →
Conama incorpora justiça climática e combate ao racismo ambiental em nova diretriz
Resolução inédita reconhece desigualdades ambientais e cria diretrizes para políticas mais justas; Princípios foram aprovados durante 148ª reunião do colegiado →
Plataforma reúne dados da cadeia da restauração para alavancar agenda no país
A Vitrine da Restauração ajuda a conectar fornecedores de insumos e serviços, viveiros, pesquisadores e políticas públicas para acelerar iniciativas de recuperação da vegetação →




