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Café com bobagem

Alto custo da energia solar e eólica é conseqüência da falta de planejamento. Valores não justificam Belo Monte, diz associação do setor.

Redação ((o))eco ·
27 de abril de 2010 · 15 anos atrás

Ontem (26), durante seu programa semanal Café com o Presidente, Lula voltou a defender a Usina Hidrelétrica de Belo Monte utilizando o argumento de que a energia hídrica é a mais barata para o Brasil e que a alternativa a ela seria única e exclusivamente a termoelétrica. Disse o presidente: “Nós temos um potencial hídrico de 260 mil MW, ou seja, se o Brasil deixar de produzir isso para começar a utilizar termoelétrica a óleo diesel será um movimento insano contra toda a luta que nós estamos fazendo no mundo pela questão climática”.

Se o excelentíssimo estivesse realmente preocupado com a questão climática, ele levaria em consideração as outras formas de geração de energia, já amplamente utilizadas em outros países, mas desmerecidas por aqui. Atualmente, a energia hídrica realmente tem um custo por MW/h maior que a eólica e solar, por exemplo. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, o MW/h da energia eólica fica em torno de R$ 150 e o de energia solar cerca de R$ 200. Mas os valores são altos porque o governo não investiu nas indústrias do setor quando deveria, segundo a Associação Brasileira de Energia Renováveis e Meio Ambiente (Abeama).

A energia solar, considerada uma das mais promissoras internacionalmente, é exemplo. Desde 1976 o Brasil estuda um plano para o desenvolvimento das indústrias do setor com objetivo de alavancar o uso deste tipo de energia, mas ele nunca saiu do papel. Contraditoriamente, continuamos a ser exportadores de silício, principal matéria prima das placas solares. “Estamos  perdendo o bonde da história em relação à energia solar. Há 30 anos perdemos tempo, mas continuamos exportando silício”, diz Ruberval Baldini, presidente da Abeama.

Segundo ele, somente a aplicação de políticas de incentivo à indústria das energias renováveis – que não hídrica – e sistemas de financiamento aos consumidores vão conseguir diminuir o custo de geração. Partindo do princípio de que quanto mais se adia a adoção de medidas nesta direção, mais caras elas ficarão, para Baldini, mesmo se a energia solar ou eólica é a menos em conta hoje, no futuro valerá ter investido nelas.  “Nenhum cálculo vai me convencer que tem que fazer Belo Monte em detrimento de outras energias”, diz. (Cristiane Prizibisczki)
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