Colunas

Alemanha aposta em parque eólico

Líder em tecnologia de geração eólica, país incentiva parques offshore para reduzir  dependência de fornecimento externo de recursos fósseis e a emissão de gases de efeito estufa.

3 de setembro de 2008 · 16 anos atrás

A Alemanha apresentou um projeto arrojado para construir o seu primeiro parque eólico offshore. O jornal Deutsche Welle anunciou que o governo pretende instalar 30 usinas no Mar do Norte e no Mar Báltico com capacidade de até 25 mil megawatts em 2030. Além disso, pretende ser a pioneira na instalação de parques eólicos situados entre 40 e 80 quilômetros do litoral, já que em outros países, como na Dinamarca, a Holanda e o Reino Unido, as turbinas ficam a alguns quilômetros da costa.

O primeiro parque será construído perto da ilha de Borkum, no Mar do Norte. Nesse ano serão instaladas seis turbinas a 45 quilômetros da ilha e no ano que vem mais seis. O projeto da instalação do parque eólico offshore representa também um grande desafio financeiro e tecnológico. Cada empreendimento custa 1 bilhão de euros e a instalação de cabos submarinos custa aproximadamente 1,5 milhão de euros por quilômetro.  Os desafios tecnológicos e logísticos envolvem a instalação desses cabos, a fixação das turbinas no mar a mais de 25 metros de profundidade, e as dificuldades de protegê-las da corrosão e garantir a operação e manutenção do parque.

A líder mundial em tecnologia de geração de energia eólica onshore é marinheira de primeira viagem nessa meta ambiciosa. Esse projeto tem como objetivo reduzir a sua dependência de recursos energéticos de outros países; procurar alternativas para driblar o aumento do preço do petróleo; e cumprir a sua meta de redução dos níveis de emissão de gases de efeito estufa na União Européia.

Em 2004 o país emitiu cerca de 860 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono. No programa de redução de emissão de gases de efeito estufa da União Européia, a Alemanha deverá reduzir as suas emissões em 21% em relação à linha de base de 1990, representando aproximadamente 980 milhões de toneladas de dióxido de carbono no período de 2008-2012. A UE espera que a Alemanha cumpra com seu compromisso, já que teve uma forte redução das emissões de dióxido de carbono após a sua reunificação.

Geração de energia elétrica

A matriz de energia elétrica alemã é composta basicamente de usinas termelétricas de fontes energéticas não renováveis: carvão mineral (50%), urânio enriquecido (26%) e gás natural (11%). A geração anual de energia elétrica está na casa dos 650 TWh. A titulo de comparação, com maior território e população, a produção brasileira é menor, em torno de 400 TWh anuais.

Fonte: IEA Statistics for 2005
Fonte: IEA Statistics for 2005

De acordo com os dados da Energy Information Administration (IEA – estatísticas oficiais de energia do governo americano), a Alemanha tem a maior reserva de carvão da União Européia e é um dos maiores produtores e consumidores do mundo desse combustível. Com o declínio da produção doméstica, no entanto, tem aumentado a sua dependência externa, obrigando-a a importar da Polônia (23%), África do Sul (22%) e Rússia (20%).

No setor de gás natural, a sua produção atende 20% da demanda nacional para geração de eletricidade e o país importa GN da Rússia, Noruega e Holanda.

A eterna discussão com relação à energia nuclear levou a Alemanha, uma das maiores produtoras de energia nuclear (juntamente com EUA, França e Japão), a estabelecer o plano de fechar todas as suas plantas até 2022.

Portanto, para atender a crescente demanda por energia elétrica do país, de acordo com o a sua legislação de fontes de energia renováveis, o país tem que aumentar a participação de fontes renováveis na geração de energia elétrica para 12,5% até 2010 e 20% até 2020.

Para incentivar esses investimentos, o governo alemão elevou a tarifa paga aos proprietários de sistemas de energias renováveis fornecida à rede pública (feed-in tariff) para energia eólica produzida no mar de 9 para 15 centavos de euro, eliminando uma das barreiras para o seu desenvolvimento. Mas para garantir o mínimo de impacto ambiental, protegendo o ecossistema marinho e regiões de proteção ambiental, o investidor tem que submeter seu projeto a uma monitoração ambiental rigorosa durante mais de um ano para adquirir a licença de instalação.

Na União Européia, praticamente todos os setores tem uma rigorosa legislação ambiental estabelecida pela Comunidade. No que diz respeito ao cumprimento das metas, definição de medidas e programas de pesquisa tecnológica, a Alemanha é a força motriz para o desenvolvimento ambicioso dos padrões ambientais europeus.

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.