Salada Verde

Minha Casa Minha Vida corta castanheiras

Caixa Econômica Federal financia obra que colocou 80 árvores abaixo em Parintins (AM). Espécie é  protegida por lei federal há anos. 

Redação ((o))eco ·
11 de novembro de 2010 · 15 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
As casas ao fundo com castanheira solitária. No primeiro planos
as árvores tombadas (foto Vandre Fonseca)


Parintins – No caminho até o lago do Macurani, um dos principais pontos turísticos de Parintins (400 quilômetros de Manaus), troncos serrados de castanheiras e imensas toras da árvore repousam ao lado do conjunto residencial Vila Cristina, do programa Minha Casa, Minha Vida. A obra, um empreendimento da construtora NV, é financiada pela Caixa Econômica Federal.

“Na área onde estão construindo as casas existiam cerca de 150 castanheiras, mas quando estivemos lá uns dias atrás nós contamos só umas sessenta árvores”, conta Edílson Albarado, do Movimento de Defesa do Meio Ambiente de Parintins. De acordo com ele, as castanheiras que sobraram estão em uma área onde o restante da vegetação já foi retirada para ampliação do conjunto residencial.

Placa com logo da Caixa e do Programa Minha Casa Minha Vida (foto Vandre Fonseca)
Placa com logo da Caixa e do Programa Minha Casa Minha Vida (foto Vandre Fonseca)
 

O sacrifício das árvores, que começou no final do ano passado, foi denunciado a órgão de fiscalização ambiental, ao Ministério Público e à Justiça. O licenciamento do Instalação do conjunto residencial foi concedido pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

A justificativa dada pelo Ipaam para o licenciamento é de que a proibição de corte vale apenas para a exploração comercial da árvore, e não para a construção de casa. A castanheira é uma das espécies cujo a corte é proibido por lei federal.

Albarado afirma que muitas destas árvores foram parar em fornos de para a fabricação de tijolos ou de padarias. “Nós encontramos toras no pátio de uma olaria”, destaca.

O castanhal era explorado por moradores da região. Segundo a denúncia apresentada pelo Movimento de Defesa do Meio Ambiente, de lá eram retiradas 50 mil latas de castanhas por safra, coletadas por moradores da região. Além disto, nascentes que existiam ali teriam sido aterradas pela obra. A denúncia informa ainda que o castanhal faz parte de uma Área de Proteção Ambiental do município.

Devido a presença do castanhal o projeto de um aterro sanitário no local foi vetado por órgãos ambientais, segundo o movimento. Além disso, moradores que ocupam áreas próximas dali estão sendo despejados, com ordem judicial, porque a presença deles estaria ameaçando as castanheiras. Não foi o mesmo rigor observado no licenciamento do conjunto Vila Cristina.

Moradores que dependiam da coleta de castanha protestam contra derrubada de árvores (foto Vandre Fonseca)
Moradores que dependiam da coleta de castanha protestam contra derrubada de árvores (foto Vandre Fonseca)




(Vandré Fonseca)

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