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Desmate na Mata Atlântica cai, mas ainda é grave

Santa Catarina, Paraná  e Minas Gerais são os campeões do desmatamento entre 2008-2010, segundo o novo Atlas. Queda total é de 21%.

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26 de maio de 2010 · 14 anos atrás
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Nesta quarta-feira, pela manhã, a a SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram os dados do novo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. O trabalho, que cobre o período entre 2008 e 2010, analisou 9 dos 17 estados em que o bioma está presente. Os estados do nordeste ficaram de fora em virtude da alta incidência de nuvens no período analisado. O relatório mostrou que houve uma queda de 21% no desmatamento em relação ao período anterior (2005-2008). Mesmo assim, vinte mil oitocentos e sessenta e sete hectares de floresta nativa foram suprimidos, o equivalente à metade da cidade de Curitiba, capital do Paraná.  

Veja publicação completa abaixo

O Paraná, aliás, está entre os campeões da derrubada de árvores, ao lado de Minas Gerais e Santa Catarina. Apenas Minas Gerais registrou de fato crescimento no desmate em comparação aos anos anteriores: 15%. Paraná e Santa Catarina na verdade conseguiram reduzir em 19% e 75% o ritmo de devastação. A explicação para tamanha mudança no perfil de desmatamento de Santa Catarina, que por anos foi o campeão, foi a redução no ritmo economico durante a crise e a ocorrência de fenômenos naturais extremos, como as fortes chuvas que assolaram o estado nos últimos anos.

Já no Rio Grande do Sul, a taxa deu um salto de 83%, mas ainda não o suficiente para lhe dar a desonrosa medalha de bronze. 

“O Paraná é o grande desafio. Ele foi muito resistente à lei da Mata Atlântica, há setores que não consideram determinadas áreas como fragmentos. Mas o maior problema foi na região metropolitana. Temos um fenômeno novo e precisamos observar o que está acontecendo”, disse Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS. Marcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da entidade, falou especificamente de Minas Gerais, onde estão também os cinco municípios que mais retiraram árvores ilegalmente. 

“Lá, existem muitos problemas, como a expansão das fronteiras agrícolas e agropecuárias. A Assembléia Legislativa também apresentou um projeto de lei para excluir a Mata Seca da lei da Mata Atlântica, o que é inconstitucional. Também precisamos de um diálogo com a indústria siderúrgica”, explicou. 

Ao todo, cerca de 72% da área total do bioma foram estudados, nos seguintes estados: Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O restante deve sair até o fim do ano. Hirota reforçou que, embora a tendência seja de queda, ainda estamos longe do desmatamento zero, principalmente porque vivem, na Mata Atlântica, 112 milhões de pessoas, ou 61% da população nacional. Ela também explicou o que é preciso fazer para chegar cada vez mais próximo deste objetivo. 

“Além de criação de novas UCs, é preciso desenvolver novos negócios aliados à conservação, como turismo sustentável. O Rio de Janeiro, por exemplo, deve dobrar, até o final do mandato do atual governo, as zonas integralmente protegidas. É algo exemplar, e também estão lançando novas normas sobre uso público em parques. Isto é muito importante”, ressalta. Mantovani, por fim, declarou a importância das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APP). (Felipe Lobo)


Atlas de Desmatamento da Mata Atlântica 2008 2010

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