![]() |
Dados divulgados pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), apontam que no oeste da Península Antártica a temperatura média aumentou quatro vezes mais do que no resto do planeta. O resultado desse aquecimento inclui “o rápido colapso e a desintegração das plataformas de gelo que estão mais ao norte; a aceleração do fluxo de geleiras na Península e ainda a migração de algumas espécies de pinguins e outras aves mais para o sul do continente”, explica o glaciólogo Jefferson Simões, diretor do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera.
Além dos impactos referentes ao clima, o turismo na Antártica está sendo pauta das discussões em Buenos Aires. A Secretaria do Tratado Antártico, criada em 2004, informa que cerca de 46 mil pessoas visitam o continente a cada ano, o que também acaba interferindo no ecossistema local. No verão do hemisfério sul, de 1990-1991, 4.698 turistas chegaram à Antártica em barcos e aviões, e este número subiu para 36.875 na temporada 2009-2010, conforme o programa Coalizão Antártica e do Oceano Austral da Fundação Vida Silvestre Argentina (FVSA).
O número crescente de visitantes a cada ano preocupa os signatários do Tratado, bem como os ambientalistas e pesquisadores da criosfera. Isso porque, até o momento, só existem guias e diretrizes para o turismo, mas não regras adequadas para a preservação.
Simões, que já foi à Antártica em 20 expedições científicas, destaca que é preciso valorizar o turismo ambientalmente correto, realizado por navios e iates de pequeno e médio porte (no máximo 250 passageiros), pois as companhias operadoras nessa faixa de visitantes realizam um excelente trabalho de divulgação das ações científicas e políticas na Antártica e do papel do continente nas relações internacionais. “No entanto, devemos restringir ao máximo, e até proibir, o turismo de grande escala, de navios transatlânticos, principalmente pelas razões ambientais, já que essas embarcações difilcimente seguem as regulações e o próprio fato de ancorarem na Antártica já resulta num impacto acumulativo (milhares de turistas em um só navio). Ou seja, há necessidade de aumentar a regulação, internalizar procedimentos na legislação de cada país (para haver controle e cobrança dos cidadãos nacionais que vão à Antártica), mas ao mesmo tempo apoiar o turismo ambientalmente correto!”, conclui.
O Tratado Antártico foi assinado em 1º de dezembro de 1959, em Washington e hoje conta com 16 membros plenos e 20 aderentes. Todos participam da elaboração do conjunto de protocolos e acordos de proteção ambiental que fazem parte do sistema de regulações do Tratado.
{iarelatednews articleid=”25136,24819″}
Leia também
Entrando no Clima #58 – Entrevista exclusiva com Ana Toni, CEO da COP30
Ana Toni faz um balanço sobre preparação para evento e comenta polêmicas, como crise das hospedagens e exploração de petróleo na Foz do Amazonas →
Crise hídrica no Amazonas: quando décadas de abandono encontram uma emergência climática
Na maior bacia hidrográfica do planeta, milhões de pessoas convivem com torneiras vazias ou água de má qualidade. Esta reportagem do Vocativo em parceria com O Eco mostra como falhas persistentes no abastecimento urbano e rural, somadas ao aquecimento global, impõem a contradição da sede em meio a rios gigantes — um alerta para o futuro da Amazônia e de quem nela vive. →
A Caatinga virou pasto: macaco ameaçado já perdeu mais da metade de suas florestas
Estudo mostra que avanço do pasto e agricultura no bioma já reduziu em 54% a quantidade de florestas disponíveis para sobrevivência do guigó-da-caatinga →



