Deputados identificados com o combate ao Código Florestal, legislação ambiental mais importante em termos de defesa e conservação dos ecossistemas no Brasil, defendendo, entre outras coisas, a anistia a desmatadores, enfraqueceram-se na disputa eleitoral.
A Frente Parlamentar da Agropecuária – mais conhecida como Bancada Ruralista, que defende os interesses do agronegócio e dos grandes produtores rurais – permaneu praticamente intacta. Mas pode-se notar “uma considerável erosão de votos”, como destacou Nilo D’Ávila, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.
Das principais lideranças que congregam a bancada, nomes como o de Aldo Rebelo (PCdoB/SP), relator do parecer sobre as alterações no Código, conseguiram se reeleger, mas sofreram queda em relação às eleições de 2006. Aldo perdeu cerca de 37 mil votos, enquanto que Duarte Nogueira (PSDB/SP) decaiu 45 mil votos, Luiz Carlos Heinze (PP/RS) 25 mil votos, Onyx Lorenzoni (DEM/RS) 28 mil votos e Abelardo Lupion (DEM/PR), 60 mil votos.
Além destes, Valdir Colatto (PMDB/SC), ex-presidente da Frente, apesar de ter obtido mais de 86 mil votos nas eleições do último domingo, não foi reeleito por conta do coeficiente eleitoral, ou seja, a proporcionalidade dos votos: o coeficiente obtido entre a soma dos votos do partido e da coligação, e o número de vagas disponíveis. Colatto, no entanto, configura como primeiro suplente.
Outras perdas de peso para os ruralistas foram Anselmo de Jesus (PT/RO), Germano Bonow (DEM/RS) e Gervásio Silva (DEM/SC), que não obtiveram novo mandato; e Ernandes Amorim (PTB/RO), que está em suspenso por conta da Lei da Ficha Limpa.
Ruralistas | Ambientalistas | |
Entraram
Aldo Rebelo (PCdoB/SP) |
Saíram
Valdir Colatto (PMDB/SC) |
Entraram
Rebeca Garcia (PP-AM) |
Bancada Ambientalista
Já do lado ambientalista, as perspectivas são alentadoras. Segundo D’Ávila, “tem sangue novo e motivado, como o Alfredo Sirkis (PV/RJ), que vem pelo Rio substituindo o Gabeira”. Mas, de acordo com ele, ainda temos que aguardar para ver a atuação desses novos nomes, “pois ser do PV não significa que vai ser ambientalista”, afirmou.
Para ele, alguns deputados, como o Dr. Rosinha (PT/PR) e o Ivan Valente (PSOL/SP) tiveram uma votação surpreendente. “E no caso do Ivan, só podemos computar isso a favor da defesa do Código Florestal”, declarou.
Dos nomes de maior destaque da Frente Ambientalista nas eleições, o deputado Dr. Rosinha teve um aumento de 69 mil votos, em 2006, para 93 mil votos em 2010; Fernando Marroni (PT/RS) cresceu de 70 para 87 mil; Ivan Valente ganhou significativos 105 mil votos a mais nesta eleição; e Rebecca Garcia (PP-AM) ganhou 65 mil novos votos.
Outros candidatos que se elegeram e que são possíveis contribuições à bancada são: o deputado Jorge Khoury (DEM/BA), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e Luiz Carreira (DEM/BA). Também foram eleitos Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), desta vez para o Senado; Leonardo Monteiro (PT/MG); Paulo Teixeira (PT/SP); e Ricardo Tripolli (PSDB/SP).
Um dos nomes que os ruralistas vêm defendendo como forte agregado, o de Blairo Maggi (PR/MT), ex-governador do Mato Grosso e senador eleito, não é uma ameaça do ponto de vista de Nilo D’Ávila.
“Não colocaria o Maggi na barca ruralista. Ele não é um ambientalista, mas acho que pode fazer a diferença no diálogo entre as duas frentes. Uma pena é que o PV não tenha conseguido transformar os votos que a Marina obteve em novos mandatos”, concluiu o ambientalista.
Saiba mais
Relatório do Aldo anistia crimes ambientais
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