Notícias

Cientistas apresentam provas contra fungo mortal

Estudo de universidades na California relaciona desaparecimento de anfíbios ao surgimento de fungo mortal em países da América Central e no México.

Vandré Fonseca ·
11 de maio de 2011 · 14 anos atrás

Pesquisadores da Universidade Estadual de São Francisco e da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos) foram buscar em museus a causa do declínio de anfíbios no continente americano e conseguiram informações que relacionam o desaparecimento de espécies no México e e América Central ao surgimento do fungo mortal Batrachochytrium dendrobatidis nestas regiões.

Bolitoglossa lincolni, uma das espécies de salamandras de San Marcos, na Guatemala, recentemente identificada com portadora da doença Crédito: Sean M. Rovito
Bolitoglossa lincolni, uma das espécies de salamandras de San Marcos, na Guatemala, recentemente identificada com portadora da doença Crédito: Sean M. Rovito

O quitrídeo infecta os girinos dos anfíbios. Nesta fase eles apresentam pequenos dentes que desaparecem com o desenvolvimento do animal. O fungo tem sido apontado como causa do declínio de anfíbio em várias partes do mundo.

Os cientistas, liderados pela bióloga Tina Cheng, analisaram amostras de DNA de peles de animais conservadas e fizeram também estudos de campo e conseguiram mapear a propagação da doença. A partir do México, onde foi registrada pela primeira vez em 1972, o fungo se espalhou em direção ao sul e oeste da Guatemala nas décadas de 1980 e 1990. Chegou à Costa Rica em 1987. O estudo foi publicado no início deste mês no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O método pode ser usado também para analisar o declínio de anfíbios na América do Sul, na América do Norte e na Austrália. Para os autores da pesquisa, o estudo contribui também para compreender o papel das Mudanças Climáticas nesta queda no número de animais. “Agora podemos consultar os dados climáticos e procurar o que aconteceu com o clima nestes locais nos anos em que a patogenia apareceu”, afirma o professor Vance Vredenburg, um dos autores do estudo. Quarenta por cento das espécies conhecidas de anfíbios tiveram a população reduzida durante as últimas três décadas.

Pseudoeurycea rex, uma salamandra que teve a população muito reduzida em alguns locais da Guatemala. Crédito: Sean M. Rovito
Pseudoeurycea rex, uma salamandra que teve a população muito reduzida em alguns locais da Guatemala. Crédito: Sean M. Rovito

Os cientistas confirmaram também que o fungo não mata indiscriminadamente. Existem espécies com maior susceptibilidade à infecção e a morte provavelmente esteja relacionada ao nível de esporos no fungo. Vredenburg destaca que os anfíbios existem há muito tempo, cerca de 360 milhões de anos, mas agora estão sofrendo uma extinção em massa. “Eles estão aqui até agora, mas alguma coisa sem precedentes e preocupante aconteceu nos últimos 40 anos”, afirma.

Link:

Artigo “Coincident mass extirpation of neotropical amphibians with the emergence of the infectious fungal pathogen Batrachochytrium dendrobatidis” em PDF

{iarelatednews articleid=”2101, 15223, 22338″}

Leia também

Salada Verde
17 de outubro de 2025

Brasil cria secretaria para implantar sistema de comércio de emissões

Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono, vinculada ao Ministério da Fazenda, será responsável por coordenar e regulamentar o novo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE)

English
17 de outubro de 2025

There’s a Good Reason to Pay Attention to Trancoso’s Organic Festival

Some of Brazil’s most celebrated chefs are leading a movement that goes far beyond cuisine

Salada Verde
17 de outubro de 2025

Refauna inicia financiamento coletivo para repovoar Parque Nacional Tijuca com araras-canindé

Espécie estava extinta na cidade do Rio de Janeiro há mais de 200 anos; Quatro aves estão em aclimatação para serem reintroduzidas na unidade de conservação

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.