Reportagens

Mais gases do que o esperado

Desmate na Amazônia cresce 22% em seis meses, e emissões de CO2 dobram no período. Corte está ocorrendo em áreas com mais estoques de carbono.

Redação ((o))eco ·
3 de março de 2010 · 14 anos atrás
Mapa do desmate e degradação em Janeiro 2010. Clique para ampliar (fonte:Imazon)
Mapa do desmate e degradação em Janeiro 2010. Clique para ampliar (fonte:Imazon)

O Imazon publicou nesta quarta-feira seu tradicional boletim Transparência Florestal, com dados sobre desmatamento na Amazônia detectados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) em dezembro de 2009 e em janeiro de 2010. A novidade é que agora o instituto passou a incluir no boletim informações sobre a quantidade de carbono emitida a partir desses desmatamentos, uma ferramenta a mais para orientar ações do poder público sobre os locais em que a conversão de florestas em áreas abertas representa altos índices de emissões.

Apesar da forte cobertura de nuvens, que impediu avaliação do desmatamento na Amazônia em 50% de sua extensão, o SAD enxergou uma perda de pelo menos 16 km2 de florestas em dezembro de 2009 (68% a menos do que no mesmo mês de 2008). O estado que mais desmatou nesse mês foi Mato Grosso, seguido do Pará. Em janeiro de 2010, o desmate foi de 63km2 (26% a mais do que em janeiro de 2009). Nesse mês Roraima e Mato Grosso dividiram o primeiro lugar no ranking dos que mais destruíram a floresta. Levando os dois meses em consideração, a área degradada foi de 61km2. A vasta maioria ocorreu também em Mato Grosso.

No acumulado de agosto de 2009 a janeiro de 2010, o corte foi de 836 km2. Isso é 22% superior ao desempenho no período anterior, mas representa uma redução no corte em Mato Grosso (-35%) e Tocantins (-98%), e um incremento em Roraima (+545%), Acre (+503%), Rondônia (+90%), Amazonas (+59%) e Pará (+23%). Essa área desmatada provocou a emissão de 13,8 milhões de toneladas de carbono (liberadas por queimadas e decomposição florestal). A quantidade de carbono emitida é 41% maior do que no período de agosto de 2008 a janeiro de 2009. Ou seja, emitiu-se quase o dobro de carbono esperado se comparado a área devastada, o que revela que desmatamentos mais modestos podem representar grandes emissões, dependendo da densidade da biomassa que se perde.

De acordo com o que foi apurado, o Imazon considera que o desematamento esteja ocorrendo em áreas com maiores estoques de carbono.

Em dezembro último, as áreas que mais sofreram com desmatamentos foram a Calha Norte do Pará, a região da BR-163 e a porção central de Mato Grosso. Em janeiro deste ano, o corte se concentrou em Roraima, na região do Xingu (MT), novamente na Calha Norte e ao longo da rodovia Transamazônica (BR-230).

Baixe aqui boletim completo do Imazon

Leia também

Notícias
19 de abril de 2024

Em reabertura de conselho indigenista, Lula assina homologação de duas terras indígenas

Foram oficializadas as TIs Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT); representantes indígenas criticam falta de outras 4 terras prontas para homologação, e Lula prega cautela

Notícias
19 de abril de 2024

Levantamento revela que anta não está extinta na Caatinga

Espécie não era avistada no bioma havia pelo menos 30 anos. Descoberta vai subsidiar mudanças na avaliação do status de conservação do animal

Salada Verde
19 de abril de 2024

Lagoa Misteriosa vira RPPN em Mato Grosso do Sul

ICMBio oficializou a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural Lagoa Misteriosa, destino turístico em Jardim, Mato Grosso do Sul

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.